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Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele.

João 3

1.Havia um homem entre os fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.*

2.Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: “Rabi, sabemos que és um Mestre vindo de Deus. Ninguém pode fazer esses milagres que fazes, se Deus não estiver com ele”.

3.Jesus replicou-lhe: “Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus”.

4.Nicodemos perguntou-lhe: “Como pode um homem renascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no seio de sua mãe e nascer pela segunda vez?”.

5.Res­pondeu Jesus: “Em verdade, em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus.*

6.O que nasceu da carne é carne, e o que nasceu do Espírito é espírito.

7.Não te maravilhes de que eu te tenha dito: Necessário vos é nascer de novo.

8.O vento sopra onde quer; ouves-lhe o ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito”.*

9.Replicou Nicodemos: “Como se pode fazer isso?”.

10.Disse Jesus: “És doutor em Israel e ignoras estas coisas!…

11.Em verdade, em verdade te digo: dizemos o que sabemos e damos testemunho do que vimos, mas não recebeis o nosso testemunho.

12.Se vos tenho falado das coisas terrenas e não me credes, como crereis se vos falar das celestiais?

13.Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu, o Filho do Homem que está no céu.*

14.Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem,*

15.para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna”.

16.Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.

17.Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele.

18.Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não crê no nome do Filho único de Deus.*

19.Ora, este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más.

20.Porquanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.

21.Mas aquele que pratica a verdade vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus.

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O que significa “Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”?

Descubra o que realmente significa rezar “assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” e o que a Igreja ensina sobre este trecho.

Muitas vezes, rezamos diariamente a oração que o próprio Jesus nos ensinou, o Pai Nosso. No entanto, não percebemos o profundo sentido que tais palavras carregam. Sabemos que não basta repetirmos as palavras, é preciso rezar com fé e colocar a oração em prática na vida cotidiana.

Neste artigo, abordaremos o trecho “Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, a fim de explorarmos o que a Igreja nos ensina sobre ele, bem como sobre a necessidade do perdão e como exercê-lo.

A oração do Pai Nosso

Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido é um trecho do Pai Nosso, aqui ilustrado por James Tissot.
Pai Nosso, James Tissot.


A Oração do Pai Nosso é uma das mais importantes e conhecidas orações da tradição cristã. Sua origem remonta às Sagradas Escrituras, sendo encontrada nos Evangelhos de Mateus e Lucas. No Evangelho de Mateus 1, Jesus a ensina como parte do Sermão da Montanha. Já no Evangelho de Lucas 2, ela é ensinada aos discípulos em resposta ao pedido de um deles para que Jesus os ensinasse a rezar.

Estruturada em sete petições, a oração inclui uma série de súplicas que abrangem as necessidades humanas e espirituais, refletindo sobre a relação do fiel com Deus e com o próximo. Inclusive, o teólogo e filósofo Santo Tomás de Aquino comenta que a Oração do Pai Nosso contém todos os requisitos essenciais para uma oração adequada.

Além disso, devido à sua importância e ao fato de ter sido ensinada pelo próprio Jesus Cristo, a Oração do Pai Nosso é conhecida também como “Oração Dominical” e “Oração do Senhor”.

Descubra mais sobre a oração do Pai Nosso e o comentário de Santo Tomás sobre ela.

Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido


“Jesus, que pede ao Pai para perdoar quantos O crucificam, convida-nos ao difícil gesto de rezar também por aqueles que são injustos para connosco, que nos prejudicaram, sabendo perdoar sempre, a fim de que a luz de Deus possa iluminar o seu coração; e convida-nos a viver, na nossa oração, a mesma atitude de misericórdia e de amor que Deus tem por nós: «Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido», recitamos diariamente no «Pai-Nosso».” 3

Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido exemplificado pelo perdão de São João Paulo II com aquele que tentou assassiná-lo.
São João Paulo II com o homem que tentou assassiná-lo.

Conheça também a primeira petição do Pai Nosso, por meio da qual declaramos que o nome de Deus é santo.

A necessidade do perdão


No Evangelho de São Mateus, após falar da oração do Pai Nosso, Jesus reforça a necessidade do perdão. “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.” 4

Sendo assim, perdoar a quem nos ofende é a resposta do homem ao dom do perdão divino. Além disso, o perdão humano torna-se instrumento do perdão misericordioso de Deus e também uma condição para ele, pois rezamos “perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.” Dessa forma, há uma coerência profunda entre o pedido de perdão que nós dirigimos a Deus e o perdão que nós devemos conceder aos nossos irmãos. Ao perdoar, contribuímos para que o Reino de Deus e a Sua Vontade se façam presentes em nossa vida terrena.

O perdão brota do amor de Deus e do amor a Deus. A necessidade de perdoar vem do amor a Deus e não do merecimento humano. A falta de disposição para perdoar revela, portanto, uma falha em nossa memória. Pois quando não perdoamos, esquecemos que, em primeiro lugar, Deus entregou o Seu Filho para morrer na cruz pelos nossos pecados — quando éramos seus inimigos. 5 Por isso, o perdão divino impõe para nós a necessidade de perdoar não só os nossos amigos, mas também os inimigos, assim como Ele fez.

O que a Igreja ensina sobre o trecho “Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”?


O perdão é um elemento central do ensinamento de Jesus Cristo. Ele nos exorta a sermos perfeitos como nosso Pai celeste é perfeito e a sermos misericordiosos como Ele é misericordioso. Por isso, o novo mandamento dado por Jesus é amar uns aos outros como Ele nos amou. 6

No entanto, o perdão genuíno não se trata apenas de imitar externamente o modelo divino, mas de uma participação vital, uma transformação interior. E essa mudança é operada pelo Espírito Santo em nós, fazendo com que nossos sentimentos e atitudes se assemelhem aos de Cristo. 6 Afinal, “não está no nosso poder deixar de sentir e esquecer a ofensa; mas o coração que se entrega ao Espírito Santo muda a ferida em compaixão e purifica a memória, transformando a ofensa em intercessão.” 7

A parábola do servo desapiedado 8, por exemplo, enfatiza a importância do perdão ao concluir que Deus nos perdoará na medida em que perdoarmos de coração nossos irmãos. 7 A oração do Senhor tem o seu ápice no perdão, portanto, inclui o perdão dos inimigos transfigurando o discípulo à imagem de Cristo. 9

Sendo assim, esse perdão deve ser ilimitado, assim como o perdão divino, uma vez que somos sempre devedores quando se trata de ofensas 10. Além disso, a Igreja enfatiza que o maior sacrifício agradável a Deus é que vivamos em paz uns com os outros. 10 O que só é possível através do perdão. 

“O Pai, que é Deus de perdão e de misericórdia, deseja agir precisamente neste espaço do perdão humano — deseja perdoar àqueles que são reciprocamente capazes de perdoar, àqueles que procuram pôr em prática aquelas palavras: “Perdoai-nos… como nós perdoamos”.” 11

Referências

  1. Mateus 6, 9-13[]
  2. Lucas 11, 1-4[]
  3. Papa Bento XVI, AUDIÊNCIA GERAL, 15 de fevereiro de 2012[]
  4. Mt 6, 14-15[]
  5. Rm 5, 10[]
  6. CIC 2842[][]
  7. CIC 2843[][]
  8. Mt 18, 23-35[]
  9. CIC 2844[]
  10. CIC 2845[][]
  11. São João Paulo II, AUDIÊNCIA GERAL, 21 de outubro de 1981[]

Fonte Blog Minha Biblioteca Católica

CINEMA · · SOUND OF FREEDOM

Sound of Freedom

Enfim, amanhã estreará no Brasil, Sound of Freedom. O filme poderia ter estreado nos cinemas ainda em 2018, porém a Disney comprou os estúdios FOX, e cancelou a distribuição de Sound of Freedom. Este filme traz uma realidade nefasta, mas o que ele pode trazer de novo ao publico brasileiro?

Uma realidade que acontece no Brasil, mas que é mascarada por aqueles que manipulam o sistema. O trafico e exploração de crianças para atividades de exploração sexual, trafico de órgãos e produção de adrenochrome.

O atual governo não se posiciona conta a movimentação do STF, pois seu silencio já fala por si só que ele apoia a decisão do STF. A capacidade de utilização da massa encefálica do cidadão brasileiro foi reduzida drasticamente, visto os eventos recentes dos estudantes de medicina da UNISA. Não são cidadãos que buscam o conhecimento, são bestas guiadas pelo seu instinto. Pois, “a humildade é o principio da sabedoria”, como nos leva a refletir o filosofo Hugo de São Vitor, séc. XI.

Nesta terça-feira (05/09), o presidente REVOGOU (TORNOU SEM EFEITO) o programa “Abrace Marajó”, criado pela ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves (Republicanos-DF) no Governo Bolsonaro. O programa de Damares VISAVA COMBATER EXPLORAÇÃO SEXUAL INFANTIL no arquipélago.

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3 DE MAIO – FESTA DA INVENÇÃO DA SANTA CRUZ (Na liturgia atual (Rito Ordinário), esta festa foi absorvida pela Festa de Exaltação da Santa Cruz, em 14 de Setembro)

3 DE MAIO – FESTA DA INVENÇÃO DA SANTA CRUZ

O TRIUNFO DA CRUZ – A INVENÇÃO DA SANTA CRUZ

(Por Dom Próspero Guéranger, OSB – Ano Litúrgico)

Convinha que Nosso Rei divino se mostrasse ante nossa visão apoiado no cetro de seu poder, para que nada faltasse à majestade de seu império. Este cetro é a Cruz, e corresponde ao Tempo Pascal render-lhe homenagem. Contemplávamos antes a cruz como objeto de humilhação para o Emanuel, como o leito de dor sobre o qual expirou, porém, depois não venceu Ele a morte? E essa Cruz não é o legado ou o troféu de sua vitória? Que apareça, pois, e que todo joelho se dobre ante o augusto madeiro pelo qual Jesus mereceu às honras que hoje lhe tributamos.

No dia da Natividade cantamos com Isaías: “Nasceu-nos um menino, um filho nos foi dado, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Intr, da Missa do dia).

Na verdade, vemos-lhe levando a Cruz sobre seus ombros, como Isaac levou a lenha para o [seu] sacrifício, porém, hoje já não é para Ele um peso. Brilha como resplendor que embeleza a vista dos Anjos, e depois de ser adorada pelos homens, enquanto durar o mundo, aparecerá de repente sobre as nuvens para presidir, junto ao Juiz dos vivos e mortos, a sentença favorável para os que o tenham amado e de reprovação para aqueles que ela tenha sido inútil para si, por desprezo ou por seu esquecimento.

Durante os quarenta dias que ainda passa Jesus na terra [entre a ressurreição e sua ascensão], não lhe parece oportuno glorificar o instrumento de sua vitória. A Cruz não aparecerá até que haja conquistado o mundo, apesar de haver permanecido oculta. Seu corpo permaneceu três dias no sepulcro; ela permanecerá enterrada três séculos, porém, também ela ressuscitará; esta é a admirável ressurreição que hoje celebra a Igreja. Jesus quis, quando se completaram os tempos, aumentar as alegrias pascais, revelando-nos este monumento de seu amor. Coloca-a em nossas mãos para consolo nosso. Não é justo, portanto, que lhe rendamos homenagem?

Retábulo da Santa Cruz (Foto: Laus Deo.wordpress)

A CRUZ ENTERRADA E PERDIDA

Nunca o orgulho de Satanás sofreu uma derrota tão dolorosa como ao ver que a Árvore, instrumento de nossa perdição, se converteu em instrumento de nossa salvação. Descarregou sua raiva impotente contra este madeiro salvador, que lhe recordava cruelmente o poder invencível de seu vencedor e a dignidade do homem resgatado por tão elevado preço. Preferia ter aniquilado esta Cruz terrível, porém, reconhecendo sua impotência para realizar tão abominável desígnio, tratou ao menos de profanar e ocultar aos olhos do mundo um objeto tão odioso para ele.

Incitou, pois, aos judeus enterrar vergonhosamente o madeiro sagrado que o mundo inteiro venera. Ao pé do Calvário, não longe do sepulcro, havia uma profunda cova. Nela os homens da Sinagoga jogaram a Cruz do Salvador juntamente com as dos ladrões. Os cravos, a coroa de espinhos e a inscrição arrancada da Cruz, foram também jogados na cova que os inimigos de Jesus encheram com terra e entulhos. O Sinédrio acreditava ter acabado com a memória do Nazareno que foi crucificado, sem que existissem descendentes da Cruz.

Quarenta anos mais tarde, Jerusalém caia sob a vingança divina. Logo os lugares de nossa redenção foram profanados pela superstição pagã; um templo dedicado a Vênus no Calvário e outro a Júpiter no Santo Sepulcro; tais foram os sinais pelos quais a burla pagã conservou, sem pretendê-lo, a recordação das maravilhas que se realizaram naqueles lugares.

Com a paz de Constantino os cristãos destruíram esses vergonhosos monumentos, aparecendo a seus olhos o solo regado com o sangue do Redentor, e o glorioso Sepulcro se expôs à sua veneração. Porém, a Cruz não apareceu, continuava oculta nas entranhas da terra.

DESCOBRIMENTO DA CRUZ

A Igreja não tomou posse do instrumento da salvação dos homens até alguns anos depois da morte do imperador Constantino (ano 337), generoso restaurador dos edifícios do Calvário e do Santo Sepulcro (Esses santuários foram consagrados a 13 de setembro do ano 335). Oriente e Ocidente regozijaram-se ao saber da noticia desse descobrimento que vinha pôr o último selo ao triunfo do cristianismo. Cristo selava sua vitória sobre o mundo pagão, levantando seu estandarte, não em figura, mas real, aquele madeiro milagroso, escândalo para os judeus, loucura para os gentios, e ante o qual, daí em diante, todo o mundo cristão dobrará os joelhos.

No século IV o madeiro sagrado foi venerado na basílica que encerrava em vasto recinto o glorioso sepulcro e a colina da crucifixão. Sobre o lugar no qual repousou a Cruz durante três séculos, levantou-se outro monumento. Uma escada conduz o peregrino até o fundo desse misterioso asilo. Então começou uma inumerável multidão de visitantes vindos de todas as partes do mundo para honrar os lugares em que se operou a salvação do gênero humano, tributar-lhes as devidas honras ao madeiro salvador. Entretanto, os misericordiosos desígnios do céu não permitiram que a preciosa prenda do amor do Filho de Deus para com a pobre humanidade estivesse na posse de um só santuário, por muito sagrado que fosse. Uma parte considerável foi destinada a Roma e se conservou na basílica levantada nos jardins de Sensório; a este santuário o povo romano lhe deu mais tarde o nome de Basílica da Santa Cruz de Jerusalém.

A Santa Cruz: A insignia e o sinal do cristão (postal antigo)

RELÍQUIAS

No decurso dos anos, a Santa Cruz honrará com sua presença outros muitos lugares da terra. No século IV, São Cirilo de Jerusalém já afirmava que os peregrinos que obtinham algumas lascas, haviam estendido para todo o mundo os favores divinos (Catequesis, IV, X, XIII).

No século VI, Santa Radegunda solicitou e obteve do imperador Justino II um fragmento de parte considerável que possuía o tesouro imperial de Constantinopla. Não podia a França ter participação do precioso instrumento de nossa salvação se não fosse pelas mãos de sua piedosa rainha; e Venâncio Fortunato compôs, para a chegada da augusta relíquia, um hino admirável que a Igreja cantará até o fim dos séculos, sempre que quiser celebrar as grandezas da Santa Cruz.

Jerusalém, depois de sucessivas perdas e recuperação, terminou por perder para sempre o objeto divino que era sua principal glória. Constantinopla se fez a herdeira, e esta cidade é a fonte abundante de numerosas bênçãos, particularmente no tempo das cruzadas, enriquecendo as igrejas de Ocidente.

Estabeleceram-se novos centros de culto à santa Cruz, nos lugares donde se guardavam insignes fragmentos; em todas as partes a piedade desejava uma pequena parte do sagrado madeiro. O ferro divide as partes mais consideráveis e pouco a pouco se estende a todas as regiões. A verdadeira Cruz está em todas as partes, e não há cristão que nos dias de sua vida não haja tido ocasião de venerar algum fragmento.

E quem poderá contar os atos de amor e de agradecimento que, à vista desta relíquia, tem feito brotar dos corações? Quem não reconhece nesta profusão de relíquias um estratagema da bondade divina, para reavivar-nos e recordar-nos a redenção que sobre ela repousa nossas eternas esperanças?

Seja, portanto, venerado este dia em que a Santa Igreja une a recordação do triunfo da Santa Cruz às alegrias da ressurreição d’Aquele que por ela conquistou o trono [da glória] tão logo foi elevado.

Redamos graças pelo benefício marcado na sua restituição aos homens, à força de prodígios, um tesouro que não podia faltar à Igreja, a espera do dia em que o Filho do Homem retornará sobre as nuvens do céu.

Ele a confiou à sua Esposa como dom de sua segunda vinda. Naquele dia reunirá com seu poder todos os fragmentos, a árvore da vida despontará com toda a sua formosura à vista dos eleitos, convidando-os com sua sombra ao descanso eterno.

Todos os anos tinha lugar em Jerusalém, a 14 de setembro, a cerimônia de Exaltação ou Ostensão da Cruz. Esse costume passou para Constantinopla e pouco depois à Roma. (Cfr. Año Litúrgico, 14 de septiembre.)

Na Espanha e Gália, a festa era a 3 de maio. A liturgia romana adotou também mais tarde esta mesma festa, e por esta razão existem duas festas da Cruz. Ignoramos o dia exato da Invenção (Cfr. Vicente y Abel, Jérusalem nouvelle, tomo II. París 1924 pág. 201 y sgts.)

Adoração da Santa Cruz por São Francisco de Assis e Santa Helena (Foto: it.wikipedia)

ELOGIO DA CRUZ

“Cristo crucificado é força e sabedoria de Deus” (1 Corint., I, 23). São palavras de teu Apóstolo, ó Jesus, e hoje vemos a realidade. A sinagoga quis destruir tua glória, cravando-te num patíbulo; se deleitava pensando no que está escrito na Lei de Moisés: “Maldito o que pende do patíbulo” (Deut., XXI, 23). E eis aqui que esse patíbulo, esse madeiro infame, converteu-se no teu insigne troféu. Nos esplendores de tua ressurreição, a Cruz, longe de projetar uma sombra sobre os raios de tua glória, realça com novo brilho a magnificência de teu triunfo. Foste cravado no madeiro, carregaste essa maldição; crucificado entre dois criminosos, passaste como impostor, e teus inimigos te insultaram em tua agonia sobre esse leito de dor. Se fosses só um homem, não restaria de ti senão uma recordação desonrosa; a cruz teria tragado para sempre tuas glórias passadas, Oh! Filho de David! Porém, tu és o Filho de Deus e a Cruz nos prova isso. O mundo inteiro prostra-se diante dela e a adora; as honras que hoje recebes, compensam largamente o eclipse passageiro que ela impôs a teu amor por nós. Não se adora um patíbulo, ou se lhe adoramos, é por ser o patíbulo de um Deus. Oh! bendito seja aquele que pendeu de um madeiro! Em recompensa de nossas homenagens, o divino Crucificado cumpre em nós a promessa que fez: “Quando for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim” (São João XII, 32)

ÀS RELÍQUIAS

Para atrair-nos com maior eficácia, pões hoje em nossas mãos o mesmo madeiro, do alto do qual nos estendeste teus braços. Este monumento de teu triunfo, sobre o qual te apoiarás no último dia, dignaste confiá-lo a nós até o fim dos séculos. Para que saquemos dele um temor saudável da justiça divina que te cravou nesse madeiro vingador de nossos crimes, e um amor cada dia mais terno para contigo, ó Vítima nossa, que não retrocedeste diante da maldição, para que fossemos benditos! Toda a terra te dá hoje graças pelo dom inestimável que nos concedeste. Tua Cruz, dividida em inumeráveis fragmentos, se faz presente em todos os lugares; não há região do mundo cristão que não tenha sido consagrada e protegida por ela.

À CRUZ E AO SEPULCRO

O Sepulcro nos grita: “O ressuscitado não está aqui.” A Cruz nos diz: “Não lhe sustentei senão por um momento, e Ele se foi para sua glória.” Ó Cruz! Ó Sepulcro! Que curta foi sua humilhação e que duradouro o reino que por ela conquistou! Adoramos em ti os vestígios de seu passo que em vós ficou consagrado para sempre, porque Ele se serviu de vós para nossa salvação. Glória te seja dada, ó Cruz, objeto de nosso amor e de nossa admiração neste dia! Continuas protegendo este mundo que te possui; sê o escudo que lhe defenda contra o inimigo, o socorro presente em todo momento que guarda a recordação do sacrifício unido ao do triunfo: porque por ti, ó Cruz, Cristo vence, reina e impera. Christus vincit, Christus regnat, Christus imperat.

 Uma Curiosidade*: Era costume entre os gentios, quando crucificavam um homem impiedoso por justiça, enterrarem os instrumentos da tortura perto do local onde o corpo foi enterrado. Assim, Santa Helena (mãe do Imperador Constantino) mandou que cavassem perto do túmulo do Senhor, e finalmente encontraram três cruzes, porém, o título da Cruz de Cristo foi achado distante daquele local, em razão do que não se podia afirmar qual das três cruzes era do Senhor. Nessa perplexidade, o patriarca de Jerusalém, São Macário, que se encontrava no local, ordenou que se rezasse e depois lhe trouxessem uma mulher tão doente e desenganada pelos médicos, pessoa sem esperança. À mesma foram aplicadas a primeira e a segunda cruz, sem nenhum fruto, mas ao aplicar a terceira cruz, de repente a mulher se viu completamente curada e recobradas as energias vitais. Com esse milagre a dúvida cessou e entendeu-se que esta era a cruz de Nosso Salvador. Para Santa Helena, foi motivo de extrema alegria, agradecendo ao Senhor por um presente e um benefício tão marcantes, mandando, em seguida, construir um suntuoso templo no mesmo lugar, onde deixou parte da Cruz ricamente decorada e adornada, e a outra parte com os cravos enviou a seu filho, o imperador Constantino, que ordenou que fosse colocado em um templo que em Roma, e que mais tarde foi chamado de Santa Cruz de Jerusalém. Ordenou, ainda, que desde então nenhum malfeitor fosse crucificado, e que a cruz, que até então era o castigo mais vil e ignominioso, fosse doravante a glória e coroa de reis e águias, trocando assim as insignias imperiais existentes pela Cruz, com ela ordenou cunhar moedas e colocar um globo do mundo na mão direita de suas estátuas e no globo a mesma Cruz, para que se entenda que o mesmo mundo tinha sido conquistado pela Santa Cruz de Nosso Redentor Jesus Cristo, e que a Cruz deveria ser o escudo e a defesa da república cristã.

 NOTA: Na liturgia atual (Rito Ordinário), esta festa foi absorvida pela Festa de Exaltação da Santa Cruz, em 14 de Setembro.

(Fonte: https://radiocristiandad.wordpress.com/2017/05/04/dom-prospero-gueranger-ano-liturgico/– Texto por nós traduzido e adaptado para o português do Brasil)

*cf. http://lapuertaangosta.blogspot.com/2016/05/la-invencion-de-la-santa-cruz-3-de-mayo.html (tradução e adaptação é nossa)