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Santa Margarida Maria Alacoque

Nasceu em 25 de julho de 1647 em Janots, Borgonha. Inspirada pela graça, fez voto de castidade perpétua aos 4 anos.

Ficando órfã de pai, foi levada à escola das Clarissas, mas teve que regressar pouco depois, por motivo de enfermidade. Fez então à Santíssima Virgem a promessa de tornar-se religiosa caso fosse curada, e recuperou a saúde.

Ao contemplar um quadro de São Francisco de Sales, sentiu-se fortemente chamada para fazer parte de suas filhas, as Visitandinas, e ingressou no Convento de Paray-le-Monial, em 20 de junho de 1671.

Nesse mosteiro, vivia de graças místicas e do intenso convívio com Nosso Senhor Jesus Cristo. Como isso causasse estranheza às superioras, Jesus “adaptou” suas graças à regra da Congregação e deu-lhe três armas para a luta diária pela purificação e transformação de sua alma: uma consciência delicada e um horror à menor falta; a santa obediência; e sua santa Cruz.

Recebeu as belíssimas revelações da misericórdia do Coração de Jesus: “Eis o Coração que tanto amou os homens e por eles foi tão pouco amado”.

Jesus permitiu-lhe sofrer muito pela incompreensão das superioras e irmãs de hábito, mas deu-lhe por confessor o grande São Cláudio de La Colombière.

Faleceu em 17 de outubro de 1690. Somente três anos depois de sua morte começou a ser divulgada a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, de quem foi tão grande entusiasta.

Foi canonizada em 1920, pelo Papa Bento XV.

fone: Revista Arautos do Evangelho, Out/2003, n. 22, p. 48

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Santa Margarida Maria Alacoque: a mensageira do Sagrado Coração de Jesus

A mensagem da qual Santa Margarida Maria Alacoque foi portadora mostraria à humanidade, de um modo nunca antes imaginado, a insondável intensidade do amor que Ele tem a cada um de nós.

Quando Margarida tinha apenas quatro anos, começou a sentir-se levada a dizer diversas vezes: “Ó meu Deus, eu Vos consagro minha pureza e Vos faço voto de castidade perpétua”.

Algo surpreendente numa menininha daquela idade, que nem sabia o que isso significava — como diria mais tarde em suas memórias. Era já o início extraordinário da história desta alma, na qual a graça divina agia preparando-a para pertencer somente a Jesus. Assim, ela poderia cumprir eximiamente uma crucial missão em benefício da humanidade: ser a mensageira do Sagrado Coração.

Luta entre a vocação e o atrativo pela vida comum

Margarida nasceu em 22 de julho de 1647 na Borgonha, França. Seu pai era juiz e notário real, mas homem de pequenas posses. Quando tinha 8 anos, foi surpreendida pelo falecimento de seu pai, e a família precisou enviá-la para a escola das clarissas de Charolles.

Ali, uma estranha enfermidade reduziu-a a um tal estado de debilidade que, ao cabo de algum tempo, sua mãe a levou de volta para casa.

“Passei quatro anos sem poder caminhar”, dirá ela depois. Vendo a ineficácia dos remédios, voltou-se para a Virgem das Virgens e fez-lhe o voto de entrar para a vida religiosa, se ficasse curada. Foi atendida com rapidez, restabelecendo-se instantaneamente.

Entretanto, quando Margarida completou 17 anos, sua mãe e seus irmãos decidiram que ela devia se casar.

Deixando-se levar pelo amor filial, a jovem lentamente começou a tomar parte nos folguedos de sua idade — embora se guardando de ofender a Deus — e a acariciar a ideia de contrair matrimônio, mesmo porque já tinha vários pretendentes. No seu interior travou-se então uma demorada e intensa batalha: de um lado, a atração pela vida comum lhe sussurrava ser até um dever de piedade filial constituir um lar, pois assim poderia amparar melhor sua mãe enferma.

De outro, a voz da graça lembrava-lhe o voto de castidade perfeita que fizera já na infância, bem como a promessa de fazer-se esposa de Cristo. Não importa, você era muito criança para entender o que dizia, portanto, essas promessas não tinham valor; você agora é livre! — era a resposta que lhe vinha em seguida à mente.

Esse cruel embate de alma durou alguns anos. Mas, ajudada de modo sensível por Nosso Senhor, a vocação religiosa acabou por vencer: em 1671, ela entrou como postulante no Mosteiro da Visitação, de Paray-le- Monial.

Desde a infância, Margarida fora beneficiada por experiências místicas.

As mais importantes ocorreram no convento, a partir de 27 de dezembro de 1673, quando passou a receber uma série de revelações do Sagrado Coração de Jesus, o qual a incumbia de ser a encarregada de divulgar essa devoção.

Além disso, as três superioras que, a cada seis anos, assumiram sucessivamente a autoridade no convento de Paray-le-Monial convenceram-se da santidade de Margarida. Contudo, ela sofreu acirrada oposição dentro da comunidade, que a tratava como uma excêntrica visionária. Seu principal apoio veio de São Cláudio de la Colombière, jovem sacerdote jesuíta que foi durante certo tempo confessor das freiras e testemunhou serem reais as visões da Santa.

Todavia, por sua perseverança, docilidade, espírito de obediência e caridade, ela acabou vencendo as oposições e conseguiu cumprir sua missão, começando por introduzir em 1686 — no início para um círculo restrito de seu próprio convento — a festa do Sagrado Coração de Jesus. Assim, esta se espalhou com rapidez por outros mosteiros da Visitação, e transbordou para o exterior da congregação.

Por fim, após uma existência na qual se consumiu sem cessar no amor ao Sagrado Coração de Jesus, Santa Margarida Maria Alacoque morreu em 17 de outubro de 1690, aos 43 anos. Foi canonizada por Bento XV em 1920. Seu corpo está colocado sob o altar da capela do convento onde viveu, e os peregrinos que ali vão rezar a ela alcançam insignes graças.

fonte: Revista Arautos do Evangelho, Jun/2006, n. 54, p. 22 e 23

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Evangelho de São João, Capitulo 6

1.Depois disso, atravessou Jesus o lago da Galileia (que é o de Tibería­des.)*

2.Seguia-o uma grande multidão, porque via os milagres que fazia em benefício dos enfermos.

3.Jesus subiu a um monte e ali se sentou com seus discípulos.

4.Aproximava-se a Páscoa, festa dos judeus.

5.Jesus levantou os olhos sobre aquela grande multidão que vinha ter com ele e disse a Filipe: “Onde compraremos pão para que todos estes tenham o que comer?”.

6.Falava assim para o experimentar, pois bem sabia o que havia de fazer.

7.Filipe respondeu-lhe: “Duzentos denários de pão não lhes bastam, para que cada um receba um pedaço”.

8.Um dos seus discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe:

9.“Está aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixes… mas que é isto para tanta gente?”.

10.Disse Jesus: “Fazei-os assentar”. Ora, havia naquele lugar muita relva. Sentaram-se aqueles homens em número de uns cinco mil.

11.Jesus tomou os pães e rendeu graças. Em seguida, distribuiu-os às pessoas que estavam sentadas, e igualmente dos peixes lhes deu quanto queriam.

12.Estando eles saciados, disse aos discípulos: “Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca”.

13.Eles os recolhe­ram e, dos pedaços dos cinco pães de cevada que sobraram, encheram doze cestos.

14.À vista desse milagre de Jesus, aquela gente dizia: “Este é verdadeiramente o profeta que há de vir ao mundo”.

15.Jesus, percebendo que queriam arrebatá-lo e fazê-lo rei, tornou a retirar-se sozinho para o monte.* (= Mt 14,22-36 = Mc 6,47-53)

16.Chegada a tarde, os seus discípulos desceram à margem do lago.

17.Subindo a uma barca, atravessaram o lago rumo a Cafarnaum. Era já escuro, e Jesus ainda não se tinha reunido a eles.

18.O mar, entretanto, se agitava, porque soprava um vento rijo.

19.Tendo eles remado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram Jesus que se aproximava da barca, andando sobre as águas, e ficaram atemorizados.*

20.Mas ele lhes disse: “Sou eu, não temais”.

21.Quiseram recebê-lo na barca, mas pouco depois a barca chegou ao seu destino.

22.No dia seguinte, a multidão que tinha ficado do outro lado do mar percebeu que Jesus não tinha subido com seus discípulos na única barca que lá estava, mas que eles tinham partido sozinhos.

23.Nesse meio tempo, outras barcas chegaram de Tiberíades, perto do lugar onde tinham comido o pão, depois de o Senhor ter dado graças.

24.E, reparando a multidão que nem Jesus nem os seus discípulos estavam ali, entrou nas barcas e foi até Cafarnaum à sua procura.

25.Encontrando-o na outra margem do lago, perguntaram-lhe: “Mestre, quando chegaste aqui?”.

26.Respondeu-lhes Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo: buscais-me, não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes fartos.

27.Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna, que o Filho do Homem vos dará. Pois nela Deus Pai imprimiu o seu sinal”.

28.Perguntaram-lhe: “Que faremos para praticar as obras de Deus?”

29.Respondeu-lhes Jesus: “A obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou”.

30.Perguntaram eles: “Que milagre fazes tu, para que o vejamos e creiamos em ti? Qual é a tua obra?*

31.Nossos pais comeram o maná no deserto, segundo o que está escrito: Deu-lhes de comer o pão vindo do céu” (Sl 77,24).

32.Jesus respondeu-lhes: “Em verdade, em verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu;

33.porque o pão de Deus é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo”.

34.Disseram-lhe: “Senhor, dá-nos sempre deste pão!”.

35.Jesus replicou: “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede.

36.Mas já vos disse: Vós me vedes e não credes…

37.Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim não o lançarei fora.

38.Pois desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

39.Ora, esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu, mas que os ressuscite no último dia.

40.Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”.

41.Murmuravam então dele os judeus, porque dissera: “Eu sou o pão que desceu do céu”.

42.E perguntavam: “Porventura não é ele Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como, pois, diz ele: Desci do céu?”.

43.Respondeu-lhes Jesus: “Não murmureis entre vós.

44.Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu hei de ressuscitá-lo no último dia.

45.Está escrito nos profetas: Todos serão ensinados por Deus (Is 54,13). Assim, todo aquele que ouviu o Pai e foi por ele instruído vem a mim.

46.Não que alguém tenha visto o Pai, pois só aquele que vem de Deus, esse é que viu o Pai.

47.Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.

48.Eu sou o pão da vida.

49.Vossos pais, no deserto, comeram o maná e morreram.

50.Este é o pão que desceu do céu, para que não morra todo aquele que dele comer.

51.Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo”.

52.A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: “Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?”.

53.Então, Jesus lhes disse: “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos.

54.Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.

55.Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida.

56.Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.

57.Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim.

58.Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente”.

59.Tal foi o ensinamento de Jesus na sinagoga de Cafarnaum.

60.Muitos dos seus discípulos, ouvindo-o, disseram: “Isto é muito duro! Quem o pode admitir?”.

61.Sabendo Jesus que os discípulos murmuravam por isso, perguntou-lhes: “Isso vos escandaliza?

62.Que será, quando virdes subir o Filho do Homem para onde ele estava antes?…

63.O espírito é que vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida.*

64.Mas há alguns entre vós que não creem…”. Pois desde o princípio Jesus sabia quais eram os que não criam e quem o havia de trair.

65.Ele prosseguiu: “Por isso, vos disse: Ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lho for concedido”.

66.Desde então, muitos dos seus discípulos se retiraram e já não andavam com ele.

67.Então, Jesus perguntou aos Doze: “Quereis vós também retirar-vos?”.

68.Respondeu-lhe Simão Pedro: “Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.

69.E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus!”.*

70.Jesus acrescentou: “Não vos escolhi eu todos os doze? Contudo, um de vós é um demônio!…”.

71.Ele se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes, porque era quem o havia de entregar, não obstante ser um dos Doze.

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A descida do Senhor à mansão dos mortos

De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo

(PG43,439.451.462-463)
(Séc.IV)

Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.

Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.

O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: “O meu Senhor está no meio de nós”. E Cristo respondeu a Adão: “E com teu espírito”. E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará.

Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: ‘Saí!’; e aos que jaziam nas trevas: ‘Vinde para a luz!’; e aos entorpecidos: ‘Levantai-vos!’

Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.

Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra e fui até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê na minha face as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, tua beleza corrompida.

Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar de teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso. Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.

Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.

Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade”.

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O poder do sangue de Cristo

Das Catequeses de São João Crisóstomo, bispo

(Cat. 3,13-19: SCh 50,174-177)

(Séc.IV)

Queres conhecer o poder do sangue de Cristo? Voltemos às figuras que o profetizaram e recordemos a narrativa do Antigo Testamento: Imolai, disse Moisés, um cordeiro de um ano e marcai as portas com o seu sangue (cf. Ex 12,6-7). Que dizes, Moisés? O sangue de um cordeiro tem poder para libertar o homem dotado de razão? É claro que não, responde ele, não porque é sangue, mas por ser figura do sangue do Senhor. Se agora o inimigo, ao invés do sangue simbólico aspergido nas portas, vir brilhar nos lábios dos fiéis, portas do templo dedicado a Cristo, o sangue verdadeiro, fugirá ainda mais para longe.

Queres compreender mais profundamente o poder deste sangue? Repara de onde começou a correr e de que fonte brotou. Começou a brotar da própria cruz, e a sua origem foi o lado do Senhor. Estando Jesus já morto e ainda pregado na cruz, diz o evangelista, um soldado aproximou-se, feriu-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu água e sangue: a água, como símbolo do batismo; o sangue, como símbolo da eucaristia. O soldado, traspassando-lhe o lado, abriu uma brecha na parede do templo santo, e eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram um cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício.

De seu lado saiu sangue e água (Jo 19,34). Não quero, querido ouvinte, que trates com superficialidade o segredo de tão grande mistério. Falta-me ainda explicar-te outro significado místico e profundo. Disse que esta água e este sangue são símbolos do batismo e da eucaristia. Foi destes sacramentos que nasceu a santa Igreja, pelo banho da regeneração e pela renovação no Espírito Santo, isto é, pelo batismo e pela eucaristia que brotaram do lado de Cristo. Pois Cristo formou a Igreja de seu lado traspassado, assim como do lado de Adão foi formada Eva, sua esposa.

Por esta razão, a Sagrada Escritura, falando do primeiro homem, usa a expressão osso dos meus ossos e carne da minha carne (Gn 2,23), que São Paulo refere, aludindo ao lado de Cristo. Pois assim como Deus formou a mulher do lado do homem, também Cristo, de seu lado, nos deu a água e o sangue para que surgisse a Igreja. E assim como Deus abriu o lado de Adão enquanto ele dormia, também Cristo nos deu a água e o sangue durante o sono de sua morte.

Vede como Cristo se uniu à sua esposa, vede com que alimento nos sacia. Do mesmo alimento nos faz nascer e nos nutre. Assim como a mulher, impulsionada pelo amor natural, alimenta com o próprio leite e o próprio sangue o filho que deu à luz, também Cristo alimenta sempre com o seu sangue aqueles a quem deu o novo nascimento.

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História de Zaqueu e o Sicômoro e comentários do teólogo Brant Pitre

Lucas 19

1.Jesus entrou em Jeri­có e ia atra­vessando a cidade.

2.Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos.

3.Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura.

4.Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali.

5.Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa.”

6.Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente.

7.Vendo isso, todos murmuravam e diziam: “Ele vai hospedar-se em casa de um pecador…”.

8.Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: “Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo”.

9.Disse-lhe Jesus: “Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão.

10.Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido”.

Em defesa do Cristo: As evidências bíblicas e históricas de Jesus – Amazon – Brant Pitre

Brant Pitre – Biografia

Dr. Brant Pitre é distinto professor pesquisador de Escrituras no Instituto Agostinho, Escola de Pós-Graduação em Teologia. Ele obteve seu doutorado. em Teologia pela Universidade de Notre Dame, onde se especializou no estudo do Novo Testamento e do Judaísmo antigo. Ele é autor dos livros best-sellers  Jesus e as raízes judaicas da Eucaristia  (Imagem, 2011),  The Case for Jesus  (Imagem, 2015) e  Jesus e as raízes judaicas de Maria  (Imagem, 2018). Ele também é autor de  Jesus e a Última Ceia  (Eerdmans, 2015), coautor com John Bergsma de  Uma Introdução Católica à Bíblia: O Antigo Testamento  (Ignatius, 2018) e coautor com Michael P. Barber e John Kincaid de  Paulo, um judeu da Nova Aliança (Eerdmans, 2019) Pitre também produziu dezenas de estudos bíblicos em vídeo e áudio , nos quais explora os fundamentos bíblicos da fé e da teologia católica (disponíveis em BrantPitre.com). Atualmente ele mora na Louisiana com sua esposa Elizabeth e seus cinco filhos.

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Como o olhar de Jesus converteu o intérprete de Barrabás em “A Paixão de Cristo”

O testemunho arrepiante do ator italiano Pietro Sarubbi: após anos de vazio existencial, ele encontrou a fé graças ao papel que não queria ter interpretado

Quando era adolescente, o ator italiano Pietro Sarubbi fugiu de casa para se unir a um grupo de circo e, desde então, girou mundo tentando achar sentido existencial e preencher o vazio espiritual que o atormentava. Entre peças de teatro, gravação de comerciais televisivos e produções do cinema italiano independente, Pietro se destacou na comédia, mas nunca se livrou de uma sutil e persistente sensação de fracasso, já que o seu sonho era se tornar diretor.

Mesmo em 2001, quando conseguiu um papel secundário em “Capitão Corelli“, filme de Hollywood, o vazio não se dissipou. As coisas começariam a mudar, no entanto, alguns meses depois: Pietro recebeu um convite para trabalhar com Mel Gibson no que imaginou que seria um filme de ação. Nunca imaginaria que o filme se propunha a retratar a Paixão de Cristo.

Embora muito afastado da Igreja, Pietro desejou, naquele momento, interpretar o apóstolo Pedro – não porque tivesse particular apreço pelo Santo Padre, mas apenas porque o valor a ser pago por dia de trabalho era mais alto. Não foi pequena a decepção quando o diretor lhe disse que o queria no papel de Barrabás.

Foi o próprio Mel Gibson quem lhe explicou, porém, que Barrabás não era apenas um bandido. O rebelde zelote tinha ficado muitos anos preso, fora torturado e levado ao limite do humanamente suportável. Uma frase de Mel Gibson bateu fundo no coração de Pietro: Barrabás tinha ido se transformando num animal, um ser embrutecido e sem palavras que só se expressava com o olhar. Era por isso que o diretor o tinha escolhido: porque Pietro poderia encarnar tanto o animal selvagem quanto, no fundo do coração, manter no olhar o brilho de um homem bom.

Durante as gravações, Pietro Sarubbi e o zelote se fundiram num só. A cena avançava e Pietro encarnava os acontecimentos de tal forma que já nem atuava conscientemente. Quando as autoridades libertam Barrabás, escolhido pela multidão no lugar de Jesus, o bandido, entre incrédulo e exultante, fitava os poderosos e depois a turba com ironia. É quando desce as escadas e o seu olhar se cruza com o de Jesus.

Foi um grande impacto. Eu senti uma corrente elétrica entre nós. Eu via o próprio Jesus“, declarou Pietro Sarubbi a respeito da força da cena compartilhada com o colega Jim Caviezel, intérprete do Cristo ali condenado ao suplício horrível da morte na cruz.

E foi naquele instante que a paz tão desesperadamente procurada ao longo de tantos anos finalmente lhe inundou a alma.

“Quando olhou nos meus olhos, os olhos de Jesus não tinham ódio nem ressentimento. Só misericórdia e amor”.

Em 2011, Pietro Sarubbi relatou a sua impactante conversão no livro “Da Barabba a Gesù – Convertito da uno sguardo” (“De Barrabás a Jesus: convertido por um olhar“). O ator italiano conta, nessa obra, que a  agora abrange todos os setores da sua vida.

As páginas do livro se encerram com uma interpretação pessoal daquele episódio que mudou para sempre a sua trajetória:

“Barrabás é o homem a quem Jesus salvou da cruz. É ele que representa toda a humanidade”.

Fonte: Aleteia Português

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Ator que interpretou Barrabás: “Não temos consciência do milagre da Eucaristia”

Pietro Sarubbi já havia comovido o mundo ao contar como o olhar de Jesus o tinha convertido em “A Paixão de Cristo”

Pietro Sarubbi é o ator italiano que não queria interpretar o papel de Barrabás no filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson. Embora muito afastado da Igreja na época das gravações, Pietro desejava interpretar o apóstolo São Pedro – não porque tivesse particular apreço pelo Santo Padre, mas apenas porque o valor a ser pago por dia de trabalho era mais alto. Não foi pequena a sua decepção quando o diretor lhe disse que o queria no papel de Barrabás.

O próprio Mel Gibson, porém, lhe explicou que Barrabás não era apenas um bandido. O rebelde zelote tinha ficado muitos anos preso, fora torturado e levado ao limite do humanamente suportável. Uma frase de Mel Gibson bateu fundo no coração de Pietro: Barrabás tinha ido se transformando num animal, um ser embrutecido e sem palavras que só se expressava com o olhar. Era por isso que o diretor o tinha escolhido: porque Pietro poderia encarnar tanto o animal selvagem quanto, no fundo do coração, manter no olhar o brilho de um homem bom. Durante as gravações, Pietro Sarubbi e o zelote se fundiram num só. A cena avançava e Pietro encarnava os acontecimentos de tal forma que já nem atuava conscientemente. Quando as autoridades libertam Barrabás, escolhido pela multidão no lugar de Jesus, o bandido, entre incrédulo e exultante, fitava os poderosos e depois a turba com ironia. É quando desce as escadas e o seu olhar se cruza com o de Jesus. Pietro mesmo testemunha:

“Foi um grande impacto. Eu senti uma corrente elétrica entre nós. Eu via o próprio Jesus”.

E foi graças à força daquela cena compartilhada com o colega Jim Caviezel, intérprete do Cristo ali condenado ao suplício horrível da morte na cruz, que uma paz desesperadamente procurada ao longo de tantos anos finalmente inundou a alma do incrédulo ator italiano:

“Quando olhou nos meus olhos, os olhos de Jesus não tinham ódio nem ressentimento. Só misericórdia e amor”.

Em 2011, Pietro Sarubbi relatou a sua impactante conversão no livro “Da Barabba a Gesù – Convertito da uno sguardo” (“De Barrabás a Jesus: convertido por um olhar”). O ator relata, nessa obra, que a fé passou a abranger todos os setores da sua vida. As páginas do livro, aliás, se encerram com uma interpretação pessoal daquele episódio que mudou para sempre a sua trajetória:

“Barrabás é o homem a quem Jesus salvou da cruz. É ele que representa toda a humanidade”.

Recentemente, outro testemunho de Pietro Sarubbi tem impactado o mundo católico.

Ele participou de um documentário sobre a Eucaristia intitulado “O Beijo de Deus” e foi entrevistado a esse respeito pelo site Alfa y Omega. Na entrevista, ao falar do sua relação atual com Cristo, Pietro afirmou que segue Jesus “com o cansaço de um pobre pecador que tenta corresponder a um amor tão grande, caindo mil vezes, mas com a certeza de sempre ser perdoado, esperado e amado, mil e uma vezes”.

Ele busca a presença de Jesus principalmente na Eucaristia, da qual declara: “É um presente excepcional que Deus dá ao homem. O homem moderno não tem consciência da grandeza do milagre que é poder participar da Ceia com Cristo todas as vezes que quisermos”.

Pietro também compartilha um depoimento sobre a importância da Eucaristia na sua vida:

“Eu não era casado, mas, depois da minha conversão, quis me casar, ser digno de receber a Eucaristia. Nas primeiras vezes em que fui à Missa depois da minha conversão, fui com meus filhos e minha esposa. A certa altura, uma das minhas filhas começou a preparação para a primeira comunhão, mas, depois de receber toda a catequese, falou para o padre que não queria receber a Eucaristia. Espantado, o padre perguntou por quê e ela disse isso: ‘porque a Eucaristia é muito amarga’. ‘E como é que você sabe, se nunca experimentou?’. E ela respondeu: ‘Eu sei porque, toda vez que o meu pai comunga, ele chora’. Esta é a Eucaristia na minha vida!”.

fonte: Aleteia Português

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Oração pelos Sacerdotes

(do Cardeal Mundelein – Arcebispo de Chicago)

Onipotente e eterno Deus, digna-Te a olhar a face de teu Cristo, o eterno e Sumo Sacerdote e por amor dele tem piedade de teus sacerdotes.

Lembra-Te ó Deus misericordioso que são apenas débeis criaturas. Mantém vivo neles o fogo de teu amor. Guarda-os junto a Ti a fim de que o inimigo não prevaleça contra eles e para que jamais se tornem indignos de sua sublime vocação.

Ó Jesus, suplico-te por Teus fiéis e fervorosos sacerdotes; por teus sacerdotes tíbios e infiéis; por teus sacerdotes que trabalham nas longínquas ou próximas missões; por Teus sacerdotes que sofrem tentações: por Teus sacerdotes que sofrem a solidão e a desolação; por Teus jovens sacerdotes; por Teus sacerdotes idosos; por Teus sacerdotes enfermos; por Teus sacerdotes agonizantes; pelas almas de Teus sacerdotes que padecem no purgatório.

Mas sobremodo Te encomendo o sacerdote que me batizou; o que me absolveu dos pecados e aqueles cujas missas assisti e que me deram Teu Corpo e Teu Sangue na Sagrada Comunhão, aqueles que me alentaram e instruíram, que me alertaram e aconselharam, a todos os sacerdotes aos quais me liga uma dívida de gratidão.

Ó Jesus, guarda-os todos junto a Teu Sagrado Coração e concede-lhes copiosas bênçãos agora e na eternidade. Amém.

(indulgência parcial)
CARDEAL COPELLO


Rezar diariamente esta oração. Acrescentar 1 Pai Nosso, 1 Ave-Maria e1 Glória ao Pai, por todos os Sacerdotes, religiosos e seminaristas do mundo inteiro.

Súplica à Nossa Senhor

Mãe Dolorosa, peço-vos peio vosso sofrimento na morte de vosso Filho, que ofereçais ao Pai Eterno, o precioso Sangue que jorrou das Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo Crucificado, pelos pobres Sacerdotes transviados, que se tornaram infiéis a sua sublime vocação, para que quanto antes voltem junto ao Bom Pastor.

Catolicismo · catolico · · Historia

A conversão de Ludwig von Pastor

O historiador alemão Ludwig von Pastor era protestante e, certa ocasião, desafiou publicamente a Igreja Católica a abrir os seus arquivos secretos. Tinha certeza, afirmava, de que eles jamais seriam abertos, para não serem revelados horrores tremendos…

Na ocasião, acabava de ser eleito Papa Leão XIII, que mandou dizer a Pastor que os arquivos do Vaticano estavam inteiramente abertos para ele. No início, Pastor não acreditou, mas viajou para Roma e ali encontrou, realmente, todas as facilidades em seu trabalho de pesquisa. Nada lhe foi negado, nada lhe foi escondido. Ele passou anos trabalhando e produziu uma obra monumental, em 40 volumes, com a história dos Papas desde a Renascença até o final do século XVIII. Nessa obra, registrou todos os horrores (e foram realmente horrores, é inegável) de Papas renascentistas.

A certa altura da sua pesquisa, solicitou e obteve uma audiência com Leão XIII. Apresentou-se ao Papa, agradeceu as facilidades que obtivera na pesquisa e, para grande surpresa de Leão XIII, declarou que desejava tornar-se católico.

O Papa, muito espantado, respondeu:

– Mas, Professor, antes de conhecer por dentro os horrores praticados por antecessores meus, o Sr. era contra a Igreja Católica, e agora, que conhece tudo documentadamente, quer ser católico? Não estou compreendendo sua atitude.

A resposta de Ludwig von Pastor foi muito interessante:

– Santidade, eu me convenci de que a Igreja Católica é realmente uma instituição divina. Se nem Papas conseguiram destruí-la, é porque é divina mesmo!

Autor: Armando Alexandre dos Santos – Jornalista e diretor da Revista da Academia Piracicabana de Letras

Dialética pró e contra as cruzadas em documentos do século XIII