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Santa Margarida Maria Alacoque

Nasceu em 25 de julho de 1647 em Janots, Borgonha. Inspirada pela graça, fez voto de castidade perpétua aos 4 anos.

Ficando órfã de pai, foi levada à escola das Clarissas, mas teve que regressar pouco depois, por motivo de enfermidade. Fez então à Santíssima Virgem a promessa de tornar-se religiosa caso fosse curada, e recuperou a saúde.

Ao contemplar um quadro de São Francisco de Sales, sentiu-se fortemente chamada para fazer parte de suas filhas, as Visitandinas, e ingressou no Convento de Paray-le-Monial, em 20 de junho de 1671.

Nesse mosteiro, vivia de graças místicas e do intenso convívio com Nosso Senhor Jesus Cristo. Como isso causasse estranheza às superioras, Jesus “adaptou” suas graças à regra da Congregação e deu-lhe três armas para a luta diária pela purificação e transformação de sua alma: uma consciência delicada e um horror à menor falta; a santa obediência; e sua santa Cruz.

Recebeu as belíssimas revelações da misericórdia do Coração de Jesus: “Eis o Coração que tanto amou os homens e por eles foi tão pouco amado”.

Jesus permitiu-lhe sofrer muito pela incompreensão das superioras e irmãs de hábito, mas deu-lhe por confessor o grande São Cláudio de La Colombière.

Faleceu em 17 de outubro de 1690. Somente três anos depois de sua morte começou a ser divulgada a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, de quem foi tão grande entusiasta.

Foi canonizada em 1920, pelo Papa Bento XV.

fone: Revista Arautos do Evangelho, Out/2003, n. 22, p. 48

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Santa Margarida Maria Alacoque: a mensageira do Sagrado Coração de Jesus

A mensagem da qual Santa Margarida Maria Alacoque foi portadora mostraria à humanidade, de um modo nunca antes imaginado, a insondável intensidade do amor que Ele tem a cada um de nós.

Quando Margarida tinha apenas quatro anos, começou a sentir-se levada a dizer diversas vezes: “Ó meu Deus, eu Vos consagro minha pureza e Vos faço voto de castidade perpétua”.

Algo surpreendente numa menininha daquela idade, que nem sabia o que isso significava — como diria mais tarde em suas memórias. Era já o início extraordinário da história desta alma, na qual a graça divina agia preparando-a para pertencer somente a Jesus. Assim, ela poderia cumprir eximiamente uma crucial missão em benefício da humanidade: ser a mensageira do Sagrado Coração.

Luta entre a vocação e o atrativo pela vida comum

Margarida nasceu em 22 de julho de 1647 na Borgonha, França. Seu pai era juiz e notário real, mas homem de pequenas posses. Quando tinha 8 anos, foi surpreendida pelo falecimento de seu pai, e a família precisou enviá-la para a escola das clarissas de Charolles.

Ali, uma estranha enfermidade reduziu-a a um tal estado de debilidade que, ao cabo de algum tempo, sua mãe a levou de volta para casa.

“Passei quatro anos sem poder caminhar”, dirá ela depois. Vendo a ineficácia dos remédios, voltou-se para a Virgem das Virgens e fez-lhe o voto de entrar para a vida religiosa, se ficasse curada. Foi atendida com rapidez, restabelecendo-se instantaneamente.

Entretanto, quando Margarida completou 17 anos, sua mãe e seus irmãos decidiram que ela devia se casar.

Deixando-se levar pelo amor filial, a jovem lentamente começou a tomar parte nos folguedos de sua idade — embora se guardando de ofender a Deus — e a acariciar a ideia de contrair matrimônio, mesmo porque já tinha vários pretendentes. No seu interior travou-se então uma demorada e intensa batalha: de um lado, a atração pela vida comum lhe sussurrava ser até um dever de piedade filial constituir um lar, pois assim poderia amparar melhor sua mãe enferma.

De outro, a voz da graça lembrava-lhe o voto de castidade perfeita que fizera já na infância, bem como a promessa de fazer-se esposa de Cristo. Não importa, você era muito criança para entender o que dizia, portanto, essas promessas não tinham valor; você agora é livre! — era a resposta que lhe vinha em seguida à mente.

Esse cruel embate de alma durou alguns anos. Mas, ajudada de modo sensível por Nosso Senhor, a vocação religiosa acabou por vencer: em 1671, ela entrou como postulante no Mosteiro da Visitação, de Paray-le- Monial.

Desde a infância, Margarida fora beneficiada por experiências místicas.

As mais importantes ocorreram no convento, a partir de 27 de dezembro de 1673, quando passou a receber uma série de revelações do Sagrado Coração de Jesus, o qual a incumbia de ser a encarregada de divulgar essa devoção.

Além disso, as três superioras que, a cada seis anos, assumiram sucessivamente a autoridade no convento de Paray-le-Monial convenceram-se da santidade de Margarida. Contudo, ela sofreu acirrada oposição dentro da comunidade, que a tratava como uma excêntrica visionária. Seu principal apoio veio de São Cláudio de la Colombière, jovem sacerdote jesuíta que foi durante certo tempo confessor das freiras e testemunhou serem reais as visões da Santa.

Todavia, por sua perseverança, docilidade, espírito de obediência e caridade, ela acabou vencendo as oposições e conseguiu cumprir sua missão, começando por introduzir em 1686 — no início para um círculo restrito de seu próprio convento — a festa do Sagrado Coração de Jesus. Assim, esta se espalhou com rapidez por outros mosteiros da Visitação, e transbordou para o exterior da congregação.

Por fim, após uma existência na qual se consumiu sem cessar no amor ao Sagrado Coração de Jesus, Santa Margarida Maria Alacoque morreu em 17 de outubro de 1690, aos 43 anos. Foi canonizada por Bento XV em 1920. Seu corpo está colocado sob o altar da capela do convento onde viveu, e os peregrinos que ali vão rezar a ela alcançam insignes graças.

fonte: Revista Arautos do Evangelho, Jun/2006, n. 54, p. 22 e 23

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São Cláudio de La Colombière –Apostolo do Sagrado Coração de Jesus

Confessor e confidente de Santa Margarida Maria Alacoque, São Cláudio de La Colombière foi escolhido por Deus para propagar o amor e a confiança, por meio da devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

No ano de 1675, um novo superior foi designado para a casa dos jesuítas em Paray-le-Monial. Sendo ele confessor extraordinário das vizinhas freiras da Visitação, foi estar com a superiora, Madre de Saumaise, a fim de se pôr à disposição do mosteiro. Esta lhe apresentou toda a comunidade e, enquanto o sacerdote dirigia às religiosas breves palavras de incentivo à prática da virtude heroica, uma delas, Irmã Margarida Maria Alacoque, ouviu uma voz interior lhe dizendo:

— Eis aí quem te envio!

Fazia poucos anos que pertencia a freira à Congregação e já havia sido beneficiada pelo Sagrado Coração de Jesus com numerosas visões e revelações. Naquele momento, porém, passava ela pelo drama da dúvida. Seus superiores e algumas autoridades eclesiásticas a consideravam “uma visionária”, levando-a a se perguntar se não estaria sendo vítima da ilusão ou enganada pelo demônio.

O Divino Mestre fizera-lhe, então, uma promessa: “Eu te mandarei meu fiel servo e amigo perfeito”. 1 Tratava-se do padre Cláudio de La Colombière, que Jesus enviava naquele momento à Irmã Margarida, para confirmar-lhe “em seus caminhos e para torná-lo participante de grandes graças do seu Sagrado Coração”. 2

Formação em colégios da Companhia

Da infância do padre de La Colombière, pouco se conhece. Nasceu a 2 de fevereiro de 1641, na aldeia de Saint-Symphorien, mas aos nove anos mudou-se com a família para Vienne, onde os beneditinos de Saint Andrés-le-Bas lançaram em sua alma as primeiras sementes de sua ardorosa devoção à Sagrada Eucaristia e lhe ministraram a Primeira Comunhão.

Pouco depois de ter chegado à cidade, começou a estudar gramática com os padres jesuítas e, três anos depois, mudou-se para Lyon, a fim de cursar Humanidades, no colégio da Companhia. Foi também nessa cidade, na qual morou por cinco anos, que começou a tomar contato com a obra do grande Francisco de Sales, através das Irmãs da Visitação de Bellecour, em cujo convento falecera o santo fundador.

Cumpridos já dezessete anos, enquanto passava alguns dias de férias na casa dos pais, Cláudio decidiu tornar-se jesuíta. De temperamento reservado, um pouco tímido e muito afetuoso, custou-lhe separar-se da família. Mas o fez de bom grado e por completo, compreendendo consistir a verdadeira felicidade na entrega a Deus por um amor exclusivo.

Mais tarde afirmaria: “Jesus Cristo prometeu cem por um, e posso dizer que nunca fiz nada sem ter recebido, não cem por um, mas mil vezes mais do que havia abandonado”. 3

Do noviciado ao sacerdócio

Corria o ano de 1658, quando Cláudio ingressou no Noviciado de Avignon. Ali se alternaram provas e alegrias, períodos de aridez com outros marcados por uma luz transbordante. Dois anos depois, proferiu os primeiros votos e, havendo concluído o curso de Filosofia, dedicou-se ao magistério no colégio da Companhia, conforme determinavam as regras, antes de prosseguir os estudos para o sacerdócio.

Por sua grande capacidade intelectual, estro literário e modo de fazer os sermões, o Superior Geral decidiu enviá-lo, em 1666, para estudar Teologia no Colégio de Clermont, em Paris. Ali se revelou exímio orador e excelente professor de retórica. Seu valor acadêmico e o exemplo ilibado de vida religiosa valeram-lhe o cargo de preceptor dos filhos de Colbert, o célebre Ministro do Tesouro de Luís XIV. Teve, assim, de frequentar os ambientes da corte, fazendo neles muitos amigos e dando mostras de grande talento, fino trato e elevada educação, além de se destacar pela firmeza de princípios e exímia virtude.

A Terceira Provação

Em 6 de abril de 1669, Cláudio recebeu as sagradas ordens e cinco anos depois chegou para ele o tempo chamado por Santo Inácio de “Escola do Afeto”.

A sabedoria do fundador bem via quanto os largos anos de estudo, magistério e apostolado podiam ser para seus filhos espirituais motivo de diminuição do fervor inicial, contaminado por aspirações mundanas, quando não por sentimentos de vanglória pelos êxitos obtidos. Por isso, estabeleceu que cada jesuíta passasse por este novo período de noviciado, também chamado de Terceira Provação, antes de fazer a profissão solene. Nesse tempo, sob a orientação paternal de um instrutor, o religioso fazia um balanço de sua vida, visando desapegar-se de toda preocupação humana para deixar-se levar inteiramente pela luz divina.

A Casa São José, em Lyon, foi o lugar onde o padre Cláudio atravessou esse período, durante o qual fez um voto particular de cumprimento exímio das regras do Instituto, “sem reservas”, dispondo-se a aceitar com alegria as determinações da Santa Obediência e romper de uma vez por todas as cadeias do amor-próprio. Ao mesmo tempo consolidou-se em sua alma a confiança — também sem reservas — na misericórdia divina, sem a qual ser-lhe-ia impossível manter-se fiel aos propósitos feitos em prol da própria santificação e a dos outros.

Esse tempo de solidão e recolhimento fê-lo também desapegar-se de todos os relacionamentos humanos, aos quais era extremamente sensível, para ter Nosso Senhor como único e verdadeiro amigo: “Meu Jesus […] tenho certeza de ser amado, se vos amo. […] Por mais miserável que eu seja, não me tirará vossa amizade nenhum indivíduo mais nobre que eu, nem mais culto ou mais santo”. 4

Antes mesmo de concluir o tempo regulamentar, foi admitido aos votos solenes, feitos quando completava 34 anos, em 2 de fevereiro de 1675. Logo em seguida, recebeu o encargo de superior da casa dos jesuítas em Paray-le-Monial. Sua alma estava com a têmpera ideal para empreender a grande missão que o aguardava.

Três corações unidos para sempre

O padre de La Colombière não sabia o que encontraria nessa pequena cidade, mas seus superiores, inteirando-se das visões de Santa Margarida Maria Alacoque e das polêmicas que haviam gerado, o escolheram exatamente por causa do seu equilíbrio de alma. Padre Cláudio era perfeitamente capaz de sustentar os bons critérios frente às controvérsias criadas, dentro e fora do convento.

De fato, sem se importar com as críticas e juízos desfavoráveis, logo viu a mão de Deus nas visões de Irmã Margarida Maria e a tranquilizou e apoiou, recebendo, como recompensa, recados e favores do Divino Mestre.

Um deles ocorreu, certa vez, durante a Missa celebrada para a comunidade, quando a religiosa viu, na hora da Comunhão, o Sagrado Coração de Jesus como uma fornalha ardente e dois outros corações abismando-se n’Ele: o do padre de La Colombière e o seu próprio, enquanto ouvia estas palavras: “É assim que meu puro amor une esses três corações para sempre. Esta união destina-se à glória de meu Sagrado Coração. Quero que descubras seus tesouros, ele fará conhecer seu preço e utilidade. Para tanto, sejais como irmão e irmã, partilhando igualmente os bens espirituais”. 5

Apressou-se ela em transmitir o fato ao sacerdote e depois relatou sua reação. “As mostras de humildade e as ações de graças com que ele recebeu essa comunicação e várias outras coisas que lhe transmiti da parte de meu soberano Senhor e que lhe diziam respeito, comoveram-me e foram-me mais proveitosas que todos os sermões que eu poderia ouvir”. 6

Apostolado da confiança e do reafervoramento

No curto período de dezoito meses de sua permanência em Paray-le-Monial, quiçá tenha feito o padre de La Colombière mais pelas almas que em todos os anos anteriores de sua vida.

O jansenismo, então em pleno auge na França, minava nos corações a confiança na bondade de Nosso Senhor e de sua Mãe Santíssima, e afastava os fiéis dos Sacramentos, sobretudo da Sagrada Comunhão.

O apostolado feito por São Cláudio em suas cartas, pregações e direções espirituais ia justamente no sentido contrário: promovia a confiança em Maria e a devoção ao Santíssimo Sacramento. Atraiu assim muitas ovelhas desgarradas, trazendo-as de volta ao redil do Salvador.

Fundou uma Congregação Mariana para nobres e burgueses, na qual agrupou os cavalheiros católicos da cidade, bem como reorganizou a dos alunos do colégio da Companhia. Reestruturou o hospital dos peregrinos e indigentes, e pregou missões nos povoados vizinhos, com grandíssimos frutos de reafervoramento.

“Aparição do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria” – Basílica de Santa Cecília in Trastevere (Roma)

“Eis o Coração que tanto amou os homens”

Mas sua máxima missão foi participar, por desígnio do próprio Jesus, na chamada “Grande Revelação” feita a Santa Margarida Maria, em um dia da Oitava de Corpus Christi de 1675, quando rezava diante do Santíssimo Sacramento: a difusão da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, bem como a instituição de sua festa e da consagração reparadora.

Assim transcreveu a santa as célebres palavras proferidas por Nosso Senhor, enquanto lhe mostrava seu Divino Coração: “Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-Se e consumir-Se, para manifestar-lhes seu amor. E como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, desprezos, irreverências, sacrilégios, friezas que têm para comigo neste Sacramento de amor. E é ainda mais repugnante, porque são corações a Mim consagrados”. 7

Em seguida, pediu-lhe o Senhor que a primeira sexta-feira após a Oitava de Corpus Christi fosse consagrada como festa especial para honrar seu Coração, com um ato público de desagravo e comunhões reparadoras. Acrescentou a promessa formal de conceder copiosos favores espirituais para quem praticasse tal devoção.

A religiosa alegou sua indignidade e incapacidade de realizar a missão, e recebeu esta resposta: “Dirige-te a meu servo Cláudio e dize-lhe, de minha parte, que faça todo o possível para estabelecer esta devoção e dar esse gosto a meu Divino Coração; que não desanime diante das dificuldades que encontrará, pois estas não faltarão, mas ele deve saber que é todo poderoso quem desconfia de si mesmo para confiar unicamente em Mim”. 8

Assim, na sexta-feira seguinte, São Cláudio, Santa Margarida e a comunidade da Visitação de Paray-le-Monial celebraram, pela primeira vez, a Festa do Sagrado Coração de Jesus, consagrando-se inteiramente a Ele.

Missão junto à Duquesa de York

Quando estava no auge de suas atividades em Paray-le-Monial, o padre de La Colombière recebeu ordem de partir para Londres, como capelão da Duquesa de York, Maria de Módena, que era católica fervorosa e só consentira em se casar com o Duque, irmão de Carlos II, após ser autorizada pelo governo inglês a ter sempre um sacerdote junto a ela.

Por meio da santa vidente, o Coração de Jesus recomendou a São Cláudio algumas atitudes a serem observadas em sua nova missão: não se assustar com a investida dos infernos contra seu carisma para atrair as almas, mas confiar inteiramente na bondade de Deus, pois seria Ele seu sustentáculo; usar de doçura e compaixão para com os pecadores; ter o cuidado de nunca separar o bem de sua fonte. 9

Sua partida foi muito dolorosa para Santa Margarida, valendo-lhe uma censura de Nosso Senhor: “Não te basto Eu, que sou teu princípio e teu fim?”. 10

De sua parte, São Cláudio permaneceu fiel ao voto e aos propósitos feitos no período da Terceira Provação, mantendo-se, “sem reservas”, afastado da vida da Corte. Sendo capelão da Duquesa de York, vivia no palácio Saint James, mas fazia-o num regime de profundo recolhimento e grandes mortificações. Preocupava-se apenas em propagar a devoção à Sagrada Eucaristia e ao Sagrado Coração de Jesus, apesar das dificuldades criadas pela hostilidade contra a Igreja.

Acabou, entretanto, por converter famílias inteiras e atrair para a vida consagrada muitos membros da aristocracia londrina. Alguns destes os encaminhou para instituições religiosas na França; outros, os reuniu na própria Londres, num mosteiro clandestino, por ele fundado, próximo da Catedral de São Paulo.

Foi por essa época que Titus Oates acusou injustamente os jesuítas e outros membros da Igreja de estarem tramando o assassinato de Carlos II, a fim de substituí-lo por seu irmão, o Duque de York, convertido ao catolicismo. Embora o próprio rei considerasse absurda essa denúncia, ela deu origem a violentas perseguições contra os católicos, injustamente acusados de terem participado no chamado “complô papista”.

A pretexto de tais acontecimentos, São Cláudio foi denunciado e encarcerado pelo crime de proselitismo religioso. Cumpria-se, assim, a premonição que tivera quatro anos antes, quando se havia visto “coberto de ferros e correntes, e arrastado a uma prisão, acusado, condenado por ter pregado Cristo crucificado”. 11

As péssimas condições da enxovia onde foi lançado terminaram de minar sua saúde, já debilitada por uma tuberculose incipiente. Ali teria morrido em pouco tempo, se não tivesse sido libertado por força de uma intervenção de Luís XIV.

Consumação do holocausto

Chegou de volta à França em meados de 1679, quase sem forças. Depois de recuperar um pouco a saúde, dirigiu-se para o Colégio da Santíssima Trindade, em Lyon, onde outrora fizera seus primeiros estudos, para assumir o cargo de diretor espiritual dos alunos de Filosofia. Ali, embora fisicamente muito desgastado, não deixava de propagar a devoção ao Divino Coração, defendendo-a contra os inúmeros ataques e incompreensões de que era objeto.

No inverno de 1681, retornou a Paray-le-Monial, cujo clima parecia resultar-lhe um pouco mais benéfico. À vista, porém, do intenso frio daquela rigorosa estação, pensou-se em trasladá-lo para Vienne, onde ficaria aos cuidados de seu irmão, arcediago daquela Diocese. Mas o superior da casa mandou-lhe permanecer, após ter recebido São Cláudio um bilhete de Santa Margarida, com este recado do seu Divino Amigo: “Ele me disse que quer o sacrifício de sua vida aqui”. 12

O holocausto não  tardaria muito em ser consumado. Em 15 de fevereiro de 1682, com apenas 41 anos de idade, Cláudio de La Colombière foi encontrar-se com Aquele de quem fora servo fiel e amigo perfeito nesta Terra. Algumas horas depois dos funerais, Irmã Margarida, cujo coração permanecia unido ao seu, no Sagrado Coração de Jesus, pôde fazer esta recomendação: “Deixem já de afligir-se; invoquem-no com toda confiança porque ele pode socorrer-nos”. 13

Contudo, a grande missão de São Cláudio só se realizaria plenamente muitos anos depois, em 8 de maio de 1928, quando Pio XI elevou à suprema categoria litúrgica a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, por meio da Encíclica Miserentissimus Redemptor.

Um ano mais tarde, Cláudio de La Colombière seria beatificado pelo mesmo Papa. E coube a João Paulo II, em 31 de maio de 1992, a honra de incluir no catálogo dos santos o nome deste sacerdote jesuíta, tão amado pelo Divino Coração de Jesus.

Notas:


1 DUFOUR, Gérard. Na Escola do Coração de Jesus com Cláudio de La Colombière. São Paulo: Loyola, 2000, p.7.
2 SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE. Autobiografia. São Paulo: Loyola, 1985, p.59.
3 SÃO CLÁUDIO DE LA COLOMBIÈRE. Oeuvres, II, 99, apud GUITTON, SJ, Jorge. El Beato Cláudio La Colombière: su medio y su tiempo. Bilbao: El Mensajero del Corazón de Jesús, 1956, p.26.
4 SÃO CLÁUDIO DE LA COLOMBIÈRE. Reflexões cristãs, Oeuvres, V, 429, apud GUITTON, op. cit., p.121.
5 DUFOUR, op. cit., p.14-15.
6 SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE, op. cit., p.61.
7 SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE, Ouevres complètes, VI, 118 s, apud GUITTON, op. cit., p.156.
8 Idem, p.157.
9 Cf. DUFOUR, op. cit., p.19.
10 SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE, Autobiografia, op. cit., p.68.
11 GUITTON, op. cit., p.116.
12 DUFOUR, op. cit., p.20.
13 ECHEVERRÍA, Lamberto de. San Cláudio de La Colombière. In: ECHEVERRÍA, L., LLORCA, B., BETES, J. (Org.). Año Cristiano. Madrid: BAC, 2003, v.II, p.340.
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Visão do Inferno – Diário de Santa Faustina

Diário de Santa Faustina paragrafo 1588

Hoje ouvi as palavras: No Antigo Testamento, Eu enviava profetas ao Meu povo com ameaças. Hoje estou enviando-te a toda a humanidade com a Minha misericórdia. Não quero castigar a sofrida humanidade, mas desejo curá-la, estreitando-a ao Meu misericordioso Coração. Utilizo o castigo apenas quando eles mesmos Me obrigam a isso, e é com relutância que a Minha mão empunha a espada da justiça. Antes do dia da justiça, estou enviando o dia da misericórdia. Eu respondi: “Ó meu Jesus, falai Vós mesmo às almas, porque as minhas palavras são insignificantes”.

Diário de Santa Faustina paragrafo 741

Hoje, conduzida por um anjo, fui levada às profundezas do inferno. É um lugar de grande tormento, e como é terrivelmente grande a sua extensão! Tipos de tormentos que vi: o primeiro tormento que constitui o inferno é a perda de Deus; o segundo — o contínuo remorso de consciência; o terceiro — o de que esse destino já não mudará nunca; o quarto tormento — é o fogo que atravessa a alma, mas não a destrói; é um tormento terrível, é um fogo puramente espiritual, aceso pela ira de Deus; o quinto — é a contínua escuridão, um horrível cheiro sufocante e, embora haja escuridão, os demônios e as almas condenadas veem-se mutuamente e veem todo o mal dos outros e o seu; o sexto — é a continua companhia do demônio; o sétimo tormento — o terrível desespero, ódio a Deus, maldições, blasfêmias. São tormentos que todos os condenados sofrem juntos, mas não é o fim dos tormentos. Existem tormentos particulares para as almas, os tormentos dos sentidos. Cada alma é atormentada com o que pecou, de maneira horrível e indescritível. Existem terríveis prisões subterrâneas, abismos de castigo onde um tormento distingue-se do outro. Eu teria morrido vendo esses terríveis tormentos, se não me sustentasse a onipotência de Deus.

Que o pecador saiba que será atormentado com o sentido com que pecou, por toda a eternidade. Estou escrevendo isso por ordem de Deus, para que nenhuma alma se escuse dizendo que não há inferno, ou que ninguém esteve lá e não sabe como é.

Eu, irmã Faustina, por ordem de Deus, estive nos abismos do inferno para que possa contar às pessoas e testemunhar que o inferno existe. Sobre isso não posso falar agora. Tenho a ordem de Deus de deixar isso por escrito. Os demônios tinham grande ódio contra mim, mas, por ordem de Deus, tinham que me obedecer. O que eu escrevi dá apenas uma pálida imagem das coisas que vi. Percebi, no entanto, uma coisa: o maior número das almas que lá estão é justamente o daqueles que não acreditavam que o inferno existisse. Quando voltei a mim, não podia me refazer do terror de ver como as almas sofrem terrivelmente ali e, por isso, rezo com mais fervor ainda pela conversão dos pecadores, incessantemente, peço a misericórdia de Deus para eles. “Ó meu Jesus, prefiro agonizar até o fim do mundo nos maiores suplícios a ter que Vos ofender com o menor pecado que seja”.

Paróquia Cristo Rei – Padre Overland

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Certo dia, Jesus me disse que havia de punir uma cidade – Santa Faustina

Diário de Santa Faustina paragrafo 39

​​† Certo dia, Jesus me disse que havia de punir uma cidade[54], que é a mais bela da nossa pátria. Esse castigo deveria ser — o mesmo que Deus enviou contra Sodoma e Gomorra[55]. Vi a grande ira de Deus, e um estremecimento atravessou o meu coração. Eu rezava em silêncio. Depois de um momento, Jesus me disse: Minha filha, une-te estreitamente a Mim durante o Sacrifício e oferece ao Pai Celestial o Meu Sangue e as Minhas Chagas em expiação pelos pecados dessa cidade. Repete isso sem cessar durante toda a santa Missa. Faz isto durante sete dias. No sétimo dia, vi Jesus numa nuvem brilhante e comecei a pedir que Jesus olhasse para a nossa cidade e para todo o nosso país. E Jesus olhou benignamente. Quando percebi a benevolência de Jesus, comecei a suplicar-Lhe a bênção. Então, Jesus me disse: Por ti, abençoo todo o país — e fez um grande sinal da cruz com a mão sobre a nossa pátria. Vendo a bondade de Deus, uma grande alegria inundou a minha alma.

Diário de Santa Faustina – nota 55

[55] ​Como Sodoma e Gomorra foram destruídas pelo fogo caído do céu (cf.Gn 19,24), assim as cidades polonesas, especialmente Varsóvia, foram na realidade gravemente destruídas durante a Segunda Guerra Mundial pelas bombas de impacto e incendiárias.

Sobre esse assunto o diretor espiritual da Ir. Faustina, Pe. M. Sopoćko, durante o processo informativo, fez a seguinte declaração: “Tinha escrito também no Diário que Jesus havia lhe dito que seria destruída, como Sodoma, uma das mais belas cidades da nossa pátria por causa dos pecados que ali vinham sendo cometidos. Quando, mais tarde, depois de haver lido o Diário, questionei-a claramente sobre isso, confirmou que assim era. Tendo lhe perguntado depois por quais pecados Deus infligia uma tal punição, respondeu que seria sobretudo pelo aborto das crianças, assim impedidas de nascer, sendo esse o mais grave pecado que se cometia.” (Summ., p. 95, início, § 251, ad 54).

Diário de Santa Faustina paragrafo 1276

​​16.09.[1937].

Hoje desejei ardentemente rezar uma Hora Santa diante do Santíssimo Sacramento; no entanto, outra era a vontade de Deus. Às oito horas, comecei a sentir dores tão violentas que (31) tive que me deitar imediatamente. Fiquei me contorcendo nessas dores por três horas, isto é, até as onze da noite. Nenhum remédio me ajudou, e vomitava tudo o que engolia. Em certos momentos, essas dores me faziam perder a consciência. Jesus me permitiu conhecer que, dessa maneira, participei da Sua agonia no Jardim de Oliveiras e que Ele mesmo permitiu esses sofrimentos para desagravar a Deus pelas almas assassinadas no ventre de mães perversas. Já passei três vezes por esses sofrimentos; sempre começam às oito horas — [duram] até as onze da noite. Nenhum remédio consegue diminuir esses meus sofrimentos. Quando se aproximam as onze horas, desaparecem por si, e eu adormeço nesse momento; no dia seguinte, sinto-me muito fraca. Quando isso me aconteceu a primeira vez, eu estava no sanatório. Os médicos não podiam descobrir o que era, e nem injeções nem remédio algum me ajudava, (32) e eu mesma não compreendia que sofrimentos eram esses. Eu disse ao médico que nunca na vida tinha tido semelhantes dores. Ele afirmou que não sabia do que se tratava. Só agora compreendo que sofrimento é esse, porque o Senhor me permitiu conhecer… No entanto, quando penso que talvez algum dia ainda tenha que sofrer dessa maneira, tremo de terror, mas não sei se ainda alguma vez vou sofrer assim; deixo isso para Deus; o que Deus quiser enviar-me, aceitarei tudo com submissão e amor. Queira Deus que eu possa salvar com esses sofrimentos ao menos uma alma do homicídio. ​

Padre Paulo Ricardo

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O verdadeiro amor a Deus depende do cumprimento da Sua vontade

Diário de Santa Faustina paragrafo 279

​​Deus me fez conhecer em que consiste o verdadeiro amor e concedeu-me a luz de como esse amor Lhe deve ser demonstrado na prática. O verdadeiro amor a Deus depende do cumprimento da Sua vontade. Para demonstrar amor a Deus na ação, é preciso que todos os nossos atos, mesmo os menores — decorram do amor para com Deus. E o Senhor me disse: Minha filha, é no sofrimento que mais Me agradas. Nos teus sofrimentos físicos ou morais — Minha filha — não procures a compaixão das criaturas.

Padre Overland

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