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Santa Margarida Maria Alacoque

Nasceu em 25 de julho de 1647 em Janots, Borgonha. Inspirada pela graça, fez voto de castidade perpétua aos 4 anos.

Ficando órfã de pai, foi levada à escola das Clarissas, mas teve que regressar pouco depois, por motivo de enfermidade. Fez então à Santíssima Virgem a promessa de tornar-se religiosa caso fosse curada, e recuperou a saúde.

Ao contemplar um quadro de São Francisco de Sales, sentiu-se fortemente chamada para fazer parte de suas filhas, as Visitandinas, e ingressou no Convento de Paray-le-Monial, em 20 de junho de 1671.

Nesse mosteiro, vivia de graças místicas e do intenso convívio com Nosso Senhor Jesus Cristo. Como isso causasse estranheza às superioras, Jesus “adaptou” suas graças à regra da Congregação e deu-lhe três armas para a luta diária pela purificação e transformação de sua alma: uma consciência delicada e um horror à menor falta; a santa obediência; e sua santa Cruz.

Recebeu as belíssimas revelações da misericórdia do Coração de Jesus: “Eis o Coração que tanto amou os homens e por eles foi tão pouco amado”.

Jesus permitiu-lhe sofrer muito pela incompreensão das superioras e irmãs de hábito, mas deu-lhe por confessor o grande São Cláudio de La Colombière.

Faleceu em 17 de outubro de 1690. Somente três anos depois de sua morte começou a ser divulgada a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, de quem foi tão grande entusiasta.

Foi canonizada em 1920, pelo Papa Bento XV.

fone: Revista Arautos do Evangelho, Out/2003, n. 22, p. 48

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Santa Margarida Maria Alacoque: a mensageira do Sagrado Coração de Jesus

A mensagem da qual Santa Margarida Maria Alacoque foi portadora mostraria à humanidade, de um modo nunca antes imaginado, a insondável intensidade do amor que Ele tem a cada um de nós.

Quando Margarida tinha apenas quatro anos, começou a sentir-se levada a dizer diversas vezes: “Ó meu Deus, eu Vos consagro minha pureza e Vos faço voto de castidade perpétua”.

Algo surpreendente numa menininha daquela idade, que nem sabia o que isso significava — como diria mais tarde em suas memórias. Era já o início extraordinário da história desta alma, na qual a graça divina agia preparando-a para pertencer somente a Jesus. Assim, ela poderia cumprir eximiamente uma crucial missão em benefício da humanidade: ser a mensageira do Sagrado Coração.

Luta entre a vocação e o atrativo pela vida comum

Margarida nasceu em 22 de julho de 1647 na Borgonha, França. Seu pai era juiz e notário real, mas homem de pequenas posses. Quando tinha 8 anos, foi surpreendida pelo falecimento de seu pai, e a família precisou enviá-la para a escola das clarissas de Charolles.

Ali, uma estranha enfermidade reduziu-a a um tal estado de debilidade que, ao cabo de algum tempo, sua mãe a levou de volta para casa.

“Passei quatro anos sem poder caminhar”, dirá ela depois. Vendo a ineficácia dos remédios, voltou-se para a Virgem das Virgens e fez-lhe o voto de entrar para a vida religiosa, se ficasse curada. Foi atendida com rapidez, restabelecendo-se instantaneamente.

Entretanto, quando Margarida completou 17 anos, sua mãe e seus irmãos decidiram que ela devia se casar.

Deixando-se levar pelo amor filial, a jovem lentamente começou a tomar parte nos folguedos de sua idade — embora se guardando de ofender a Deus — e a acariciar a ideia de contrair matrimônio, mesmo porque já tinha vários pretendentes. No seu interior travou-se então uma demorada e intensa batalha: de um lado, a atração pela vida comum lhe sussurrava ser até um dever de piedade filial constituir um lar, pois assim poderia amparar melhor sua mãe enferma.

De outro, a voz da graça lembrava-lhe o voto de castidade perfeita que fizera já na infância, bem como a promessa de fazer-se esposa de Cristo. Não importa, você era muito criança para entender o que dizia, portanto, essas promessas não tinham valor; você agora é livre! — era a resposta que lhe vinha em seguida à mente.

Esse cruel embate de alma durou alguns anos. Mas, ajudada de modo sensível por Nosso Senhor, a vocação religiosa acabou por vencer: em 1671, ela entrou como postulante no Mosteiro da Visitação, de Paray-le- Monial.

Desde a infância, Margarida fora beneficiada por experiências místicas.

As mais importantes ocorreram no convento, a partir de 27 de dezembro de 1673, quando passou a receber uma série de revelações do Sagrado Coração de Jesus, o qual a incumbia de ser a encarregada de divulgar essa devoção.

Além disso, as três superioras que, a cada seis anos, assumiram sucessivamente a autoridade no convento de Paray-le-Monial convenceram-se da santidade de Margarida. Contudo, ela sofreu acirrada oposição dentro da comunidade, que a tratava como uma excêntrica visionária. Seu principal apoio veio de São Cláudio de la Colombière, jovem sacerdote jesuíta que foi durante certo tempo confessor das freiras e testemunhou serem reais as visões da Santa.

Todavia, por sua perseverança, docilidade, espírito de obediência e caridade, ela acabou vencendo as oposições e conseguiu cumprir sua missão, começando por introduzir em 1686 — no início para um círculo restrito de seu próprio convento — a festa do Sagrado Coração de Jesus. Assim, esta se espalhou com rapidez por outros mosteiros da Visitação, e transbordou para o exterior da congregação.

Por fim, após uma existência na qual se consumiu sem cessar no amor ao Sagrado Coração de Jesus, Santa Margarida Maria Alacoque morreu em 17 de outubro de 1690, aos 43 anos. Foi canonizada por Bento XV em 1920. Seu corpo está colocado sob o altar da capela do convento onde viveu, e os peregrinos que ali vão rezar a ela alcançam insignes graças.

fonte: Revista Arautos do Evangelho, Jun/2006, n. 54, p. 22 e 23

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São Cláudio de La Colombière –Apostolo do Sagrado Coração de Jesus

Confessor e confidente de Santa Margarida Maria Alacoque, São Cláudio de La Colombière foi escolhido por Deus para propagar o amor e a confiança, por meio da devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

No ano de 1675, um novo superior foi designado para a casa dos jesuítas em Paray-le-Monial. Sendo ele confessor extraordinário das vizinhas freiras da Visitação, foi estar com a superiora, Madre de Saumaise, a fim de se pôr à disposição do mosteiro. Esta lhe apresentou toda a comunidade e, enquanto o sacerdote dirigia às religiosas breves palavras de incentivo à prática da virtude heroica, uma delas, Irmã Margarida Maria Alacoque, ouviu uma voz interior lhe dizendo:

— Eis aí quem te envio!

Fazia poucos anos que pertencia a freira à Congregação e já havia sido beneficiada pelo Sagrado Coração de Jesus com numerosas visões e revelações. Naquele momento, porém, passava ela pelo drama da dúvida. Seus superiores e algumas autoridades eclesiásticas a consideravam “uma visionária”, levando-a a se perguntar se não estaria sendo vítima da ilusão ou enganada pelo demônio.

O Divino Mestre fizera-lhe, então, uma promessa: “Eu te mandarei meu fiel servo e amigo perfeito”. 1 Tratava-se do padre Cláudio de La Colombière, que Jesus enviava naquele momento à Irmã Margarida, para confirmar-lhe “em seus caminhos e para torná-lo participante de grandes graças do seu Sagrado Coração”. 2

Formação em colégios da Companhia

Da infância do padre de La Colombière, pouco se conhece. Nasceu a 2 de fevereiro de 1641, na aldeia de Saint-Symphorien, mas aos nove anos mudou-se com a família para Vienne, onde os beneditinos de Saint Andrés-le-Bas lançaram em sua alma as primeiras sementes de sua ardorosa devoção à Sagrada Eucaristia e lhe ministraram a Primeira Comunhão.

Pouco depois de ter chegado à cidade, começou a estudar gramática com os padres jesuítas e, três anos depois, mudou-se para Lyon, a fim de cursar Humanidades, no colégio da Companhia. Foi também nessa cidade, na qual morou por cinco anos, que começou a tomar contato com a obra do grande Francisco de Sales, através das Irmãs da Visitação de Bellecour, em cujo convento falecera o santo fundador.

Cumpridos já dezessete anos, enquanto passava alguns dias de férias na casa dos pais, Cláudio decidiu tornar-se jesuíta. De temperamento reservado, um pouco tímido e muito afetuoso, custou-lhe separar-se da família. Mas o fez de bom grado e por completo, compreendendo consistir a verdadeira felicidade na entrega a Deus por um amor exclusivo.

Mais tarde afirmaria: “Jesus Cristo prometeu cem por um, e posso dizer que nunca fiz nada sem ter recebido, não cem por um, mas mil vezes mais do que havia abandonado”. 3

Do noviciado ao sacerdócio

Corria o ano de 1658, quando Cláudio ingressou no Noviciado de Avignon. Ali se alternaram provas e alegrias, períodos de aridez com outros marcados por uma luz transbordante. Dois anos depois, proferiu os primeiros votos e, havendo concluído o curso de Filosofia, dedicou-se ao magistério no colégio da Companhia, conforme determinavam as regras, antes de prosseguir os estudos para o sacerdócio.

Por sua grande capacidade intelectual, estro literário e modo de fazer os sermões, o Superior Geral decidiu enviá-lo, em 1666, para estudar Teologia no Colégio de Clermont, em Paris. Ali se revelou exímio orador e excelente professor de retórica. Seu valor acadêmico e o exemplo ilibado de vida religiosa valeram-lhe o cargo de preceptor dos filhos de Colbert, o célebre Ministro do Tesouro de Luís XIV. Teve, assim, de frequentar os ambientes da corte, fazendo neles muitos amigos e dando mostras de grande talento, fino trato e elevada educação, além de se destacar pela firmeza de princípios e exímia virtude.

A Terceira Provação

Em 6 de abril de 1669, Cláudio recebeu as sagradas ordens e cinco anos depois chegou para ele o tempo chamado por Santo Inácio de “Escola do Afeto”.

A sabedoria do fundador bem via quanto os largos anos de estudo, magistério e apostolado podiam ser para seus filhos espirituais motivo de diminuição do fervor inicial, contaminado por aspirações mundanas, quando não por sentimentos de vanglória pelos êxitos obtidos. Por isso, estabeleceu que cada jesuíta passasse por este novo período de noviciado, também chamado de Terceira Provação, antes de fazer a profissão solene. Nesse tempo, sob a orientação paternal de um instrutor, o religioso fazia um balanço de sua vida, visando desapegar-se de toda preocupação humana para deixar-se levar inteiramente pela luz divina.

A Casa São José, em Lyon, foi o lugar onde o padre Cláudio atravessou esse período, durante o qual fez um voto particular de cumprimento exímio das regras do Instituto, “sem reservas”, dispondo-se a aceitar com alegria as determinações da Santa Obediência e romper de uma vez por todas as cadeias do amor-próprio. Ao mesmo tempo consolidou-se em sua alma a confiança — também sem reservas — na misericórdia divina, sem a qual ser-lhe-ia impossível manter-se fiel aos propósitos feitos em prol da própria santificação e a dos outros.

Esse tempo de solidão e recolhimento fê-lo também desapegar-se de todos os relacionamentos humanos, aos quais era extremamente sensível, para ter Nosso Senhor como único e verdadeiro amigo: “Meu Jesus […] tenho certeza de ser amado, se vos amo. […] Por mais miserável que eu seja, não me tirará vossa amizade nenhum indivíduo mais nobre que eu, nem mais culto ou mais santo”. 4

Antes mesmo de concluir o tempo regulamentar, foi admitido aos votos solenes, feitos quando completava 34 anos, em 2 de fevereiro de 1675. Logo em seguida, recebeu o encargo de superior da casa dos jesuítas em Paray-le-Monial. Sua alma estava com a têmpera ideal para empreender a grande missão que o aguardava.

Três corações unidos para sempre

O padre de La Colombière não sabia o que encontraria nessa pequena cidade, mas seus superiores, inteirando-se das visões de Santa Margarida Maria Alacoque e das polêmicas que haviam gerado, o escolheram exatamente por causa do seu equilíbrio de alma. Padre Cláudio era perfeitamente capaz de sustentar os bons critérios frente às controvérsias criadas, dentro e fora do convento.

De fato, sem se importar com as críticas e juízos desfavoráveis, logo viu a mão de Deus nas visões de Irmã Margarida Maria e a tranquilizou e apoiou, recebendo, como recompensa, recados e favores do Divino Mestre.

Um deles ocorreu, certa vez, durante a Missa celebrada para a comunidade, quando a religiosa viu, na hora da Comunhão, o Sagrado Coração de Jesus como uma fornalha ardente e dois outros corações abismando-se n’Ele: o do padre de La Colombière e o seu próprio, enquanto ouvia estas palavras: “É assim que meu puro amor une esses três corações para sempre. Esta união destina-se à glória de meu Sagrado Coração. Quero que descubras seus tesouros, ele fará conhecer seu preço e utilidade. Para tanto, sejais como irmão e irmã, partilhando igualmente os bens espirituais”. 5

Apressou-se ela em transmitir o fato ao sacerdote e depois relatou sua reação. “As mostras de humildade e as ações de graças com que ele recebeu essa comunicação e várias outras coisas que lhe transmiti da parte de meu soberano Senhor e que lhe diziam respeito, comoveram-me e foram-me mais proveitosas que todos os sermões que eu poderia ouvir”. 6

Apostolado da confiança e do reafervoramento

No curto período de dezoito meses de sua permanência em Paray-le-Monial, quiçá tenha feito o padre de La Colombière mais pelas almas que em todos os anos anteriores de sua vida.

O jansenismo, então em pleno auge na França, minava nos corações a confiança na bondade de Nosso Senhor e de sua Mãe Santíssima, e afastava os fiéis dos Sacramentos, sobretudo da Sagrada Comunhão.

O apostolado feito por São Cláudio em suas cartas, pregações e direções espirituais ia justamente no sentido contrário: promovia a confiança em Maria e a devoção ao Santíssimo Sacramento. Atraiu assim muitas ovelhas desgarradas, trazendo-as de volta ao redil do Salvador.

Fundou uma Congregação Mariana para nobres e burgueses, na qual agrupou os cavalheiros católicos da cidade, bem como reorganizou a dos alunos do colégio da Companhia. Reestruturou o hospital dos peregrinos e indigentes, e pregou missões nos povoados vizinhos, com grandíssimos frutos de reafervoramento.

“Aparição do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria” – Basílica de Santa Cecília in Trastevere (Roma)

“Eis o Coração que tanto amou os homens”

Mas sua máxima missão foi participar, por desígnio do próprio Jesus, na chamada “Grande Revelação” feita a Santa Margarida Maria, em um dia da Oitava de Corpus Christi de 1675, quando rezava diante do Santíssimo Sacramento: a difusão da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, bem como a instituição de sua festa e da consagração reparadora.

Assim transcreveu a santa as célebres palavras proferidas por Nosso Senhor, enquanto lhe mostrava seu Divino Coração: “Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-Se e consumir-Se, para manifestar-lhes seu amor. E como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, desprezos, irreverências, sacrilégios, friezas que têm para comigo neste Sacramento de amor. E é ainda mais repugnante, porque são corações a Mim consagrados”. 7

Em seguida, pediu-lhe o Senhor que a primeira sexta-feira após a Oitava de Corpus Christi fosse consagrada como festa especial para honrar seu Coração, com um ato público de desagravo e comunhões reparadoras. Acrescentou a promessa formal de conceder copiosos favores espirituais para quem praticasse tal devoção.

A religiosa alegou sua indignidade e incapacidade de realizar a missão, e recebeu esta resposta: “Dirige-te a meu servo Cláudio e dize-lhe, de minha parte, que faça todo o possível para estabelecer esta devoção e dar esse gosto a meu Divino Coração; que não desanime diante das dificuldades que encontrará, pois estas não faltarão, mas ele deve saber que é todo poderoso quem desconfia de si mesmo para confiar unicamente em Mim”. 8

Assim, na sexta-feira seguinte, São Cláudio, Santa Margarida e a comunidade da Visitação de Paray-le-Monial celebraram, pela primeira vez, a Festa do Sagrado Coração de Jesus, consagrando-se inteiramente a Ele.

Missão junto à Duquesa de York

Quando estava no auge de suas atividades em Paray-le-Monial, o padre de La Colombière recebeu ordem de partir para Londres, como capelão da Duquesa de York, Maria de Módena, que era católica fervorosa e só consentira em se casar com o Duque, irmão de Carlos II, após ser autorizada pelo governo inglês a ter sempre um sacerdote junto a ela.

Por meio da santa vidente, o Coração de Jesus recomendou a São Cláudio algumas atitudes a serem observadas em sua nova missão: não se assustar com a investida dos infernos contra seu carisma para atrair as almas, mas confiar inteiramente na bondade de Deus, pois seria Ele seu sustentáculo; usar de doçura e compaixão para com os pecadores; ter o cuidado de nunca separar o bem de sua fonte. 9

Sua partida foi muito dolorosa para Santa Margarida, valendo-lhe uma censura de Nosso Senhor: “Não te basto Eu, que sou teu princípio e teu fim?”. 10

De sua parte, São Cláudio permaneceu fiel ao voto e aos propósitos feitos no período da Terceira Provação, mantendo-se, “sem reservas”, afastado da vida da Corte. Sendo capelão da Duquesa de York, vivia no palácio Saint James, mas fazia-o num regime de profundo recolhimento e grandes mortificações. Preocupava-se apenas em propagar a devoção à Sagrada Eucaristia e ao Sagrado Coração de Jesus, apesar das dificuldades criadas pela hostilidade contra a Igreja.

Acabou, entretanto, por converter famílias inteiras e atrair para a vida consagrada muitos membros da aristocracia londrina. Alguns destes os encaminhou para instituições religiosas na França; outros, os reuniu na própria Londres, num mosteiro clandestino, por ele fundado, próximo da Catedral de São Paulo.

Foi por essa época que Titus Oates acusou injustamente os jesuítas e outros membros da Igreja de estarem tramando o assassinato de Carlos II, a fim de substituí-lo por seu irmão, o Duque de York, convertido ao catolicismo. Embora o próprio rei considerasse absurda essa denúncia, ela deu origem a violentas perseguições contra os católicos, injustamente acusados de terem participado no chamado “complô papista”.

A pretexto de tais acontecimentos, São Cláudio foi denunciado e encarcerado pelo crime de proselitismo religioso. Cumpria-se, assim, a premonição que tivera quatro anos antes, quando se havia visto “coberto de ferros e correntes, e arrastado a uma prisão, acusado, condenado por ter pregado Cristo crucificado”. 11

As péssimas condições da enxovia onde foi lançado terminaram de minar sua saúde, já debilitada por uma tuberculose incipiente. Ali teria morrido em pouco tempo, se não tivesse sido libertado por força de uma intervenção de Luís XIV.

Consumação do holocausto

Chegou de volta à França em meados de 1679, quase sem forças. Depois de recuperar um pouco a saúde, dirigiu-se para o Colégio da Santíssima Trindade, em Lyon, onde outrora fizera seus primeiros estudos, para assumir o cargo de diretor espiritual dos alunos de Filosofia. Ali, embora fisicamente muito desgastado, não deixava de propagar a devoção ao Divino Coração, defendendo-a contra os inúmeros ataques e incompreensões de que era objeto.

No inverno de 1681, retornou a Paray-le-Monial, cujo clima parecia resultar-lhe um pouco mais benéfico. À vista, porém, do intenso frio daquela rigorosa estação, pensou-se em trasladá-lo para Vienne, onde ficaria aos cuidados de seu irmão, arcediago daquela Diocese. Mas o superior da casa mandou-lhe permanecer, após ter recebido São Cláudio um bilhete de Santa Margarida, com este recado do seu Divino Amigo: “Ele me disse que quer o sacrifício de sua vida aqui”. 12

O holocausto não  tardaria muito em ser consumado. Em 15 de fevereiro de 1682, com apenas 41 anos de idade, Cláudio de La Colombière foi encontrar-se com Aquele de quem fora servo fiel e amigo perfeito nesta Terra. Algumas horas depois dos funerais, Irmã Margarida, cujo coração permanecia unido ao seu, no Sagrado Coração de Jesus, pôde fazer esta recomendação: “Deixem já de afligir-se; invoquem-no com toda confiança porque ele pode socorrer-nos”. 13

Contudo, a grande missão de São Cláudio só se realizaria plenamente muitos anos depois, em 8 de maio de 1928, quando Pio XI elevou à suprema categoria litúrgica a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, por meio da Encíclica Miserentissimus Redemptor.

Um ano mais tarde, Cláudio de La Colombière seria beatificado pelo mesmo Papa. E coube a João Paulo II, em 31 de maio de 1992, a honra de incluir no catálogo dos santos o nome deste sacerdote jesuíta, tão amado pelo Divino Coração de Jesus.

Notas:


1 DUFOUR, Gérard. Na Escola do Coração de Jesus com Cláudio de La Colombière. São Paulo: Loyola, 2000, p.7.
2 SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE. Autobiografia. São Paulo: Loyola, 1985, p.59.
3 SÃO CLÁUDIO DE LA COLOMBIÈRE. Oeuvres, II, 99, apud GUITTON, SJ, Jorge. El Beato Cláudio La Colombière: su medio y su tiempo. Bilbao: El Mensajero del Corazón de Jesús, 1956, p.26.
4 SÃO CLÁUDIO DE LA COLOMBIÈRE. Reflexões cristãs, Oeuvres, V, 429, apud GUITTON, op. cit., p.121.
5 DUFOUR, op. cit., p.14-15.
6 SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE, op. cit., p.61.
7 SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE, Ouevres complètes, VI, 118 s, apud GUITTON, op. cit., p.156.
8 Idem, p.157.
9 Cf. DUFOUR, op. cit., p.19.
10 SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE, Autobiografia, op. cit., p.68.
11 GUITTON, op. cit., p.116.
12 DUFOUR, op. cit., p.20.
13 ECHEVERRÍA, Lamberto de. San Cláudio de La Colombière. In: ECHEVERRÍA, L., LLORCA, B., BETES, J. (Org.). Año Cristiano. Madrid: BAC, 2003, v.II, p.340.
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As 12 promessas do Sagrado Coração de Jesus

A devoção ao Sagrado Coração de um modo visível aparece em dois acontecimentos fortes do Evangelho: no gesto de São João, discípulo amado, encostando a sua cabeça em Jesus durante a Última Ceia (cf. Jo 13,23); e, na cruz, onde o soldado abriu o lado de Jesus com uma lança (cf. Jo 19,34).

Num acontecimento, temos o consolo de Cristo pela dor na véspera de Sua morte. No outro, o sofrimento causado pelos pecados da humanidade. Esses dois exemplos do Evangelho nos ajudam a entender o apelo de Jesus feito, em 1675, a Santa Margarida Maria Alacoque:

“Eis este coração que tanto tem amado os homens. Não recebo da maior parte senão ingratidões, desprezos, ultrajes, sacrilégios e indiferenças. Eis que te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento (Corpo de Deus) seja dedicada a uma festa especial para honrar o Meu coração, comungando, neste dia, e dando-lhe a devida reparação por meio de um ato de desagravo para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo em que esteve exposto sobre os altares. Prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino amor sobre os que tributem essa divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada.”

São João Paulo II e a devoção ao Sagrado Coração de Jesus

São João Paulo II sempre cultivou essa devoção e sempre a incentivou a todos que desejam crescer na amizade com Jesus. Em 1980, no dia do Sagrado Coração, ele afirmou: “Na solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a liturgia da Igreja concentra-se, com adoração e amor especial, em torno do mistério do Coração de Cristo. Quero, hoje, dirigir, juntamente convosco, o olhar dos nossos corações para o mistério desse coração. Ele falou-me desde a minha juventude. A cada ano, volto a esse mistério no ritmo litúrgico do tempo da Igreja”.

Agora, conheça as 12 promessas do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque:

1° Promessa: “A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de Meu Sagrado Coração”;
2° Promessa: “Eu darei aos devotos de Meu Coração todas as graças necessárias a seu estado”;
3° Promessa: “Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias”;
4° Promessa: “Eu os consolarei em todas as suas aflições”;
5° Promessa: “Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte”;
6° Promessa: “Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos”;
7° Promessa: “Os pecadores encontrarão, em meu Coração, fonte inesgotável de misericórdias”;

8° Promessa: “As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção”;
9° Promessa: “As almas fervorosas subirão, em pouco tempo, a uma alta perfeição”;
10° Promessa: “Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”;
11° Promessa: “As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no Meu Coração”;
12° Promessa: “A todos os que comunguem, nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.

fonte: Canção Nova

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Liturgia – 10/12 – 2º Domingo do Advento – João Batista e o Mistério do Advento – com comentários do teólogo Brant Pitre

2ª Leitura do 2º Domingo do Advento B “O Final dos Tempos”
2ª Leitura do 2º Domingo do Advento B “O Final dos Tempos”

PRIMEIRA LEITURA
Preparai o caminho do Senhor.

Leitura do Livro do Profeta Isaías 40,1-5.9-11

1
“Consolai o meu povo, consolai-o!
— diz o vosso Deus —.
2
Falai ao coração de Jerusalém
e dizei em alta voz que sua servidão acabou
e a expiação de suas culpas foi cumprida;
ela recebeu das mãos do Senhor
o dobro por todos os seus pecados”.
3
Grita uma voz:
“Preparai no deserto o caminho do Senhor,
aplainai na solidão a estrada de nosso Deus.
4
Nivelem-se todos os vales,
rebaixem-se todos os montes e colinas;
endireite-se o que é torto
e alisem-se as asperezas:
5
a glória do Senhor então se manifestará,
e todos os homens verão juntamente
o que a boca do Senhor falou.
9
Sobe a um alto monte,
tu, que trazes a boa-nova a Sião;
levanta com força a tua voz,
tu, que trazes a boa-nova a Jerusalém,
ergue a voz, não temas;
dize às cidades de Judá: ‘Eis o vosso Deus,
10
eis que o Senhor Deus vem com poder,
seu braço tudo domina:
eis, com ele, sua conquista,
eis à sua frente a vitória.
11
Como um pastor, ele apascenta o rebanho,
reúne, com a força dos braços, os cordeiros
e carrega-os ao colo;
ele mesmo tange as ovelhas-mães'”.
Palavra do Senhor.

Salmo responsorial
Sl 84(85),9ab-10.11-12.13-14 (R. 8)

R. Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade,
e a vossa salvação nos concedei!

9a
Quero ouvir o que o Senhor irá falar: *
é a paz que ele vai anunciar;
b
a paz para o seu povo e seus amigos, *
para os que voltam ao Senhor seu coração.
10
Está perto a salvação dos que o temem, *
e a glória habitará em nossa terra. R.

11
A verdade e o amor se encontrarão, *
a justiça e a paz se abraçarão;
12
da terra brotará a fidelidade, *
e a justiça olhará dos altos céus. R.

13
O Senhor nos dará tudo o que é bom, *
e a nossa terra nos dará suas colheitas;
14
a justiça andará na sua frente *
e a salvação há de seguir os passos seus. R.

SEGUNDA LEITURA
O que nós esperamos são novos céus e uma nova terra.

Leitura da Segunda Carta de São Pedro 3,8-14

8
Uma coisa vós não podeis desconhecer, caríssimos:
para o Senhor, um dia é como mil anos
e mil anos como um dia.
9
O Senhor não tarda a cumprir sua promessa,
como pensam alguns, achando que demora.
Ele está usando de paciência para convosco.
Pois não deseja que alguém se perca.
Ao contrário, quer que todos venham a converter-se.
10
O dia do Senhor chegará como um ladrão,
e então os céus acabarão com barulho espantoso;
os elementos, devorados pelas chamas, se dissolverão,
e a terra será consumida com tudo o que nela se fez.
11
Se desse modo tudo se vai desintegrar,
qual não deve ser o vosso empenho
numa vida santa e piedosa,
12
enquanto esperais com anseio a vinda do Dia de Deus,
quando os céus em chama se vão derreter,
e os elementos, consumidos pelo fogo, se fundirão?
13
O que nós esperamos, de acordo com a sua promessa,
são novos céus e uma nova terra,
onde habitará a justiça.
14
Caríssimos, vivendo nesta esperança,
esforçai-vos para que ele vos encontre
numa vida pura e sem mancha e em paz.
Palavra do Senhor.

EVANGELHO
Endireitai as estradas do Senhor.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1,1-8

1
Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.
2
Está escrito no livro do profeta Isaías:
“Eis que envio meu mensageiro à tua frente,
para preparar o teu caminho.
3
Esta é a voz daquele que grita no deserto:
‘Preparai o caminho do Senhor,
endireitai suas estradas!'”
4
Foi assim que João Batista apareceu no deserto,
pregando um batismo de conversão
para o perdão dos pecados.
5
Toda a região da Judeia e todos os moradores de Jerusalém
iam ao seu encontro.
Confessavam os seus pecados
e João os batizava no rio Jordão.
6
João se vestia com uma pele de camelo
e comia gafanhotos e mel do campo.
7
E pregava, dizendo:
“Depois de mim virá alguém mais forte do que eu.
Eu nem sou digno de me abaixar
para desamarrar suas sandálias.
8
Eu vos batizei com água,
mas ele vos batizará com o Espírito Santo”.
Palavra da Salvação.

Em defesa do Cristo: As evidências bíblicas e históricas de Jesus – Amazon – Brant Pitre

Brant Pitre – Biografia

Dr. Brant Pitre é distinto professor pesquisador de Escrituras no Instituto Agostinho, Escola de Pós-Graduação em Teologia. Ele obteve seu doutorado. em Teologia pela Universidade de Notre Dame, onde se especializou no estudo do Novo Testamento e do Judaísmo antigo. Ele é autor dos livros best-sellers  Jesus e as raízes judaicas da Eucaristia  (Imagem, 2011),  The Case for Jesus  (Imagem, 2015) e  Jesus e as raízes judaicas de Maria  (Imagem, 2018). Ele também é autor de  Jesus e a Última Ceia  (Eerdmans, 2015), coautor com John Bergsma de  Uma Introdução Católica à Bíblia: O Antigo Testamento  (Ignatius, 2018) e coautor com Michael P. Barber e John Kincaid de  Paulo, um judeu da Nova Aliança (Eerdmans, 2019) Pitre também produziu dezenas de estudos bíblicos em vídeo e áudio , nos quais explora os fundamentos bíblicos da fé e da teologia católica (disponíveis em BrantPitre.com). Atualmente ele mora na Louisiana com sua esposa Elizabeth e seus cinco filhos.

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Liturgia – 25/11 – Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo com comentários do teólogo Brant Pitre

Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo – “A Parábola das ovelhas e dos cabritos”
2ª Leitura da Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo – “Jesus Cristo, Imperador do Universo”

PRIMEIRA LEITURA

Quanto a vós, minhas ovelhas, farei justiça entre uma ovelha e outra.

Leitura da Profecia de Ezequiel 34,11-12.15-17
11
Assim diz o Senhor Deus:
“Vede! Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas
e tomar conta delas.
12
Como o pastor toma conta do rebanho, de dia,
quando se encontra no meio das ovelhas dispersas,
assim vou cuidar de minhas ovelhas e vou resgatá-las
de todos os lugares em que foram dispersadas
num dia de nuvens e escuridão.
15
Eu mesmo vou apascentar as minhas ovelhas
e fazê-las repousar — oráculo do Senhor Deus —.
16
Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada,
enfaixar a da perna quebrada,
fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte.
Vou apascentá-las conforme o direito.
17
Quanto a vós, minhas ovelhas,
— assim diz o Senhor Deus —
eu farei justiça entre uma ovelha e outra,
entre carneiros e bodes”.
Palavra do Senhor.

Salmo responsorial

Sl 22(23),1-2a.2b-3.5-6 (R.1)

R. O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma.

2
Pelos prados e campinas verdejantes *
ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha, *
3
e restaura as minhas forças. R.

5
Preparais à minha frente uma mesa, *
bem à vista do inimigo,
e com óleo vós ungis minha cabeça; *
o meu cálice transborda. R.

6
Felicidade e todo bem hão de seguir-me *
por toda a minha vida;
e, na casa do Senhor, habitarei *
pelos tempos infinitos. R.

SEGUNDA LEITURA

Entregará a realeza a Deus-Pai, para que Deus seja tudo em todos.

Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 15,20-26.28

Irmãos:
20
Na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos
como primícias dos que morreram.
21
Com efeito, por um homem veio a morte,
e é também por um homem
que vem a ressurreição dos mortos.
22
Como em Adão todos morrem,
assim também em Cristo todos reviverão.
23
Porém, cada qual segundo uma ordem determinada:
Em primeiro lugar, Cristo, como primícias;
depois, os que pertencem a Cristo,
por ocasião da sua vinda.
24
A seguir, será o fim,
quando ele entregar a realeza a Deus-Pai,
depois de destruir todo principado e todo poder e força.
25
Pois é preciso que ele reine,
até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés.
26
O último inimigo a ser destruído é a morte.
28
E, quando todas as coisas estiverem submetidas a ele,
então o próprio Filho se submeterá
àquele que lhe submeteu todas as coisas,
para que Deus seja tudo em todos.
Palavra do Senhor.

EVANGELHO

Assentar-se-á em seu trono glorioso e separará uns dos outros.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 25,31-46

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
31
“Quando o Filho do Homem vier em sua glória,
acompanhado de todos os anjos,
então se assentará em seu trono glorioso.
32
Todos os povos da terra serão reunidos diante dele,
e ele separará uns dos outros,
assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.
33
E colocará as ovelhas à sua direita
e os cabritos à sua esquerda.
34
Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita:
‘Vinde, benditos de meu Pai!
Recebei como herança o Reino
que meu Pai vos preparou
desde a criação do mundo!
35
Pois eu estava com fome e me destes de comer;
eu estava com sede e me destes de beber;
eu era estrangeiro e me recebestes em casa;
36
eu estava nu e me vestistes;
eu estava doente e cuidastes de mim;
eu estava na prisão e fostes me visitar’.
37
Então os justos lhe perguntarão:
‘Senhor, quando foi que te vimos com fome
e te demos de comer?
com sede e te demos de beber?
38
Quando foi que te vimos como estrangeiro
e te recebemos em casa,
e sem roupa e te vestimos?
39
Quando foi que te vimos doente ou preso,
e fomos te visitar?’
40
Então o Rei lhes responderá:
‘Em verdade eu vos digo,
que todas as vezes que fizestes isso
a um dos menores de meus irmãos,
foi a mim que o fizestes!’
41
Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda:
‘Afastai-vos de mim, malditos!
Ide para o fogo eterno,
preparado para o diabo e para os seus anjos.
42
Pois eu estava com fome e não me destes de comer;
eu estava com sede e não me destes de beber;
43
eu era estrangeiro e não me recebestes em casa;
eu estava nu e não me vestistes;
eu estava doente e na prisão e não fostes me visitar’.
44
E responderão também eles:
‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede,
como estrangeiro, ou nu, doente ou preso,
e não te servimos?’
45
Então o Rei lhes responderá:
‘Em verdade eu vos digo,
todas as vezes que não fizestes isso
a um desses pequeninos,
foi a mim que não o fizestes!’
46
Portanto, estes irão para o castigo eterno,
enquanto os justos irão para a vida eterna”.
Palavra da Salvação.

Em defesa do Cristo: As evidências bíblicas e históricas de Jesus – Amazon – Brant Pitre

Brant Pitre – Biografia

Dr. Brant Pitre é distinto professor pesquisador de Escrituras no Instituto Agostinho, Escola de Pós-Graduação em Teologia. Ele obteve seu doutorado. em Teologia pela Universidade de Notre Dame, onde se especializou no estudo do Novo Testamento e do Judaísmo antigo. Ele é autor dos livros best-sellers  Jesus e as raízes judaicas da Eucaristia  (Imagem, 2011),  The Case for Jesus  (Imagem, 2015) e  Jesus e as raízes judaicas de Maria  (Imagem, 2018). Ele também é autor de  Jesus e a Última Ceia  (Eerdmans, 2015), coautor com John Bergsma de  Uma Introdução Católica à Bíblia: O Antigo Testamento  (Ignatius, 2018) e coautor com Michael P. Barber e John Kincaid de  Paulo, um judeu da Nova Aliança (Eerdmans, 2019) Pitre também produziu dezenas de estudos bíblicos em vídeo e áudio , nos quais explora os fundamentos bíblicos da fé e da teologia católica (disponíveis em BrantPitre.com). Atualmente ele mora na Louisiana com sua esposa Elizabeth e seus cinco filhos.

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Liturgia – 19/11 – 33º do Tempo Comum e e comentários do teólogo Brant Pitre

33º Domingo Comum A “A Parábola dos Talentos”
2ª leitura do 33º Domingo Comum A “O Ladrão na Noite”

PRIMEIRA LEITURA

Com habilidade trabalham as suas mãos.

Leitura do Livro dos Provérbios 31,10-13.19-20.30-31

Uma mulher forte, quem a encontrará?
Ela vale muito mais do que as joias.
Seu marido confia nela plenamente,
e não terá falta de recursos.
Ela lhe dá só alegria e nenhum desgosto,
todos os dias de sua vida.
Procura lã e linho,
e com habilidade trabalham as suas mãos.
Estende a mão para a roca, e seus dedos seguram o fuso.
Abre suas mãos ao necessitado
e estende suas mãos ao pobre.
O encanto é enganador e a beleza é passageira;
a mulher que teme ao Senhor, essa sim, merece louvor.
Proclamem o êxito de suas mãos,
e na praça louvem-na as suas obras!
Palavra do Senhor.

Salmo responsorial

Sl 127(128),1-2.3.4-5 (R. 1a)

R. Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos!

Feliz és tu, se temes o Senhor *
e trilhas seus caminhos!
Do trabalho de tuas mãos hás de viver, *
serás feliz, tudo irá bem! R.

A tua esposa é uma videira bem fecunda *
no coração da tua casa;
os teus filhos são rebentos de oliveira *
ao redor de tua mesa. R.

Será assim abençoado todo homem *
que teme o Senhor.
O Senhor te abençoe de Sião, *
cada dia de tua vida. R.

SEGUNDA LEITURA

Que esse dia não vos surpreenda como um ladrão.

Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses 5,1-6

Quanto ao tempo e à hora, meus irmãos, não há por que vos escrever. Vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do Senhor virá como ladrão, de noite. Quando as pessoas disserem: “Paz e segurança!”, então de repente sobrevirá a destruição, como as dores de parto sobre a mulher grávida. E não poderão escapar. Mas vós, meus irmãos, não estais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão. Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas. Portanto, não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios.
Palavra do Senhor.

EVANGELHO

Como foste fiel na administração de tão pouco, vem participar de minha alegria.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 25,14-30

Naquele tempo, Jesus contou esta parábola a seus discípulos: “Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens. A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou. O empregado que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles, e lucrou outros cinco. Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois. Mas aquele que havia recebido um só, saiu, cavou um buraco na terra, e escondeu o dinheiro do seu patrão. Depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar contas com os empregados. O empregado que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei’. O patrão lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!’ Chegou também o que havia recebido dois talentos, e disse: ‘Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei’. O patrão lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!’ Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento, e disse: ‘Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Por isso, fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence’. O patrão lhe respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e que ceifo onde não semeei? Então, devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence’. Em seguida, o patrão ordenou: ‘Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez! Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão. Aí haverá choro e ranger de dentes!'”.
Palavra da Salvação.

Em defesa do Cristo: As evidências bíblicas e históricas de Jesus – Amazon – Brant Pitre

Brant Pitre – Biografia

Dr. Brant Pitre é distinto professor pesquisador de Escrituras no Instituto Agostinho, Escola de Pós-Graduação em Teologia. Ele obteve seu doutorado. em Teologia pela Universidade de Notre Dame, onde se especializou no estudo do Novo Testamento e do Judaísmo antigo. Ele é autor dos livros best-sellers  Jesus e as raízes judaicas da Eucaristia  (Imagem, 2011),  The Case for Jesus  (Imagem, 2015) e  Jesus e as raízes judaicas de Maria  (Imagem, 2018). Ele também é autor de  Jesus e a Última Ceia  (Eerdmans, 2015), coautor com John Bergsma de  Uma Introdução Católica à Bíblia: O Antigo Testamento  (Ignatius, 2018) e coautor com Michael P. Barber e John Kincaid de  Paulo, um judeu da Nova Aliança (Eerdmans, 2019) Pitre também produziu dezenas de estudos bíblicos em vídeo e áudio , nos quais explora os fundamentos bíblicos da fé e da teologia católica (disponíveis em BrantPitre.com). Atualmente ele mora na Louisiana com sua esposa Elizabeth e seus cinco filhos.

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Liturgia – 12/11 – 32º do Tempo Comum e e comentários do teólogo Brant Pitre

32º Domingo Comum A “A Parábola das 10 Virgens”
2ª leitura do 32º Domingo Comum A “Arrebatamento Secreto ou Ressurreição?”

PRIMEIRA LEITURA

A sabedoria é encontrada por aqueles que a procuram.

Leitura do Livro da Sabedoria 6,12-16

A Sabedoria é resplandecente e sempre viçosa. Ela é facilmente contemplada por aqueles que a amam, e é encontrada por aqueles que a procuram. Ela até se antecipa, dando-se a conhecer aos que a desejam. Quem por ela madruga não se cansará, pois a encontrará sentada à sua porta. Meditar sobre ela é a perfeição da prudência; e quem ficar acordado por causa dela em breve há de viver despreocupado. Pois ela mesma sai à procura dos que a merecem, cheia de bondade, aparece-lhes nas estradas e vai ao seu encontro em todos os seus projetos.
Palavra do Senhor.

Salmo responsorial

Sl 62(63),2.3-4.5-6.7-8 (R. 2b)

R. A minh’alma tem sede de vós, e vos deseja, ó Senhor.

Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! *
Desde a aurora ansioso vos busco!
A minh’alma tem sede de vós, †
minha carne também vos deseja, *
como terra sedenta e sem água! R.

Venho, assim, contemplar-vos no templo, *
para ver vossa glória e poder.
Vosso amor vale mais do que a vida: *
e por isso meus lábios vos louvam. R.

Quero, pois, vos louvar pela vida, *
e elevar para vós minhas mãos!
A minh’alma será saciada, †
como em grande banquete de festa; *
cantará a alegria em meus lábios. R.

Penso em vós no meu leito, de noite, *
nas vigílias suspiro por vós!
Para mim fostes sempre um socorro; *
de vossas asas à sombra eu exulto! R.

SEGUNDA LEITURA

Deus trará de volta, com Cristo, os que através dele entraram no sono da morte.

Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses 4,13-18

Irmãos: não queremos deixar-vos na incerteza a respeito dos mortos, para que não fiqueis tristes como os outros, que não têm esperança. Se Jesus morreu e ressuscitou — e esta é nossa fé — de modo semelhante Deus trará de volta, com Cristo, os que através dele entraram no sono da morte. Isto vos declaramos, segundo a palavra do Senhor: nós que formos deixados com vida para a vinda do Senhor não levaremos vantagem em relação aos que morreram. Pois o Senhor mesmo, quando for dada a ordem, à voz do arcanjo e ao som da trombeta, descerá do céu, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Em seguida, nós que formos deixados com vida seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor, nos ares. E assim estaremos sempre com o Senhor. Exortai-vos, pois, uns aos outros, com essas palavras.
Palavra do Senhor.

EVANGELHO

O noivo está chegando. Ide ao seu encontro.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 25,1-13

Naquele tempo,
disse Jesus a seus discípulos esta parábola: “O Reino dos Céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo. Cinco delas eram imprevidentes, e as outras cinco eram previdentes. As imprevidentes pegaram as suas lâmpadas, mas não levaram óleo consigo. As previdentes, porém, levaram vasilhas com óleo junto com as lâmpadas. O noivo estava demorando, e todas elas acabaram cochilando e dormindo. No meio da noite, ouviu-se um grito: ‘O noivo está chegando. Ide ao seu encontro!’ Então as dez jovens se levantaram e prepararam as lâmpadas. As imprevidentes disseram às previdentes: ‘Dai-nos um pouco de óleo, porque nossas lâmpadas estão se apagando’. As previdentes responderam: ‘De modo nenhum, porque o óleo pode ser insuficiente para nós e para vós. É melhor irdes comprar dos vendedores’.
Enquanto elas foram comprar óleo, o noivo chegou, e as que estavam preparadas entraram com ele para a festa de casamento. E a porta se fechou. Por fim, chegaram também as outras jovens e disseram:
‘Senhor! Senhor! Abre-nos a porta!’
Ele, porém, respondeu:
‘Em verdade eu vos digo: Não vos conheço!’
Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora”.
Palavra da Salvação.

Em defesa do Cristo: As evidências bíblicas e históricas de Jesus – Amazon – Brant Pitre

Brant Pitre – Biografia

Dr. Brant Pitre é distinto professor pesquisador de Escrituras no Instituto Agostinho, Escola de Pós-Graduação em Teologia. Ele obteve seu doutorado. em Teologia pela Universidade de Notre Dame, onde se especializou no estudo do Novo Testamento e do Judaísmo antigo. Ele é autor dos livros best-sellers  Jesus e as raízes judaicas da Eucaristia  (Imagem, 2011),  The Case for Jesus  (Imagem, 2015) e  Jesus e as raízes judaicas de Maria  (Imagem, 2018). Ele também é autor de  Jesus e a Última Ceia  (Eerdmans, 2015), coautor com John Bergsma de  Uma Introdução Católica à Bíblia: O Antigo Testamento  (Ignatius, 2018) e coautor com Michael P. Barber e John Kincaid de  Paulo, um judeu da Nova Aliança (Eerdmans, 2019) Pitre também produziu dezenas de estudos bíblicos em vídeo e áudio , nos quais explora os fundamentos bíblicos da fé e da teologia católica (disponíveis em BrantPitre.com). Atualmente ele mora na Louisiana com sua esposa Elizabeth e seus cinco filhos.

Catolicismo · catolico · · Liturgia

Liturgia – 05/11 – Solenidade de Todos os Santos e comentários do teólogo Brant Pitre

Solenidade de Todos os Santos
2ª Leitura da Solenidade de Todos os Santos “A Visão Beatífica dos Santos

PRIMEIRA LEITURA

Vi uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas.

Leitura do Livro do Apocalipse de São João 7,2-4.9-14

Eu, João, vi um outro anjo, que subia do lado onde nasce o sol. Ele trazia a marca do Deus vivo e gritava, em alta voz, aos quatro anjos que tinham recebido o poder de danificar a terra e o mar, dizendo-lhes: “Não façais mal à terra, nem ao mar nem às arvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus”. Ouvi então o número dos que tinham sido marcados: eram cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel. Depois disso, vi uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão. Todos proclamavam com voz forte: “A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro”. Todos os anjos estavam de pé, em volta do trono e dos Anciãos e dos quatro Seres vivos e prostravam-se, com o rosto por terra, diante do trono. E adoravam a Deus, dizendo: “Amém. O louvor, a glória e a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força pertencem ao nosso Deus para sempre. Amém” E um dos Anciãos falou comigo e perguntou: “Quem são esses vestidos com roupas brancas? De onde vieram?” Eu respondi: “Tu é que sabes, meu senhor”. E então ele me disse: “Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro”.
Palavra do Senhor.

Salmo responsorial

Sl 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R. cf. 6)

R. É assim a geração dos que procuram o Senhor!

Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra, *
o mundo inteiro com os seres que o povoam;
porque ele a tornou firme sobre os mares, *
e sobre as águas a mantém inabalável. R.

“Quem subirá até o monte do Senhor, *
quem ficará em sua santa habitação?”
“Quem tem mãos puras e inocente coração, *
quem não dirige sua mente para o crime. R.

Sobre este desce a bênção do Senhor *
e a recompensa de seu Deus e Salvador”.

“É assim a geração dos que o procuram, *
e do Deus de Israel buscam a face”. R.

SEGUNDA LEITURA


Veremos Deus tal como é.

Leitura da Primeira Carta de São João 3,1-3

Caríssimos, vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai. Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é. Todo o que espera nele, purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.
Palavra do Senhor.

EVANGELHO


Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 5,1-12a

Naquele tempo, vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se.
Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los:
“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”.
Palavra da Salvação.

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O que é a Santa Missa segundo a Tradição Católica Apostólica Romana?

A Missa “tradicional”, então, não está restrita a um rito, e sim é como um fio que perpassa todos os ritos autenticamente católicos, os quais unem os cristãos do mundo inteiro em “um só coração e em uma só alma”,1 em um só Corpo Místico, onde Cristo é a cabeça e a Igreja seu corpo2 . A Missa “tradicional” é esse núcleo duro que mantém as tradições unidas à Tradição, unidas ao legítimo Pontífice, Papa Francisco3, legitimo sucessor da cátedra de Pedro, que é o representante do SUMO PONTÍFICE que é o Cristo, o “único Mediador entre Deus e os Homens”4. Este cerne da vida cristã não pode ser mudado pelos homens (nem leigos, nem clérigos), porque “todo dom perfeito e toda dádiva excelente vem do Alto, procedente do Pai das Luzes, no qual não há mudança, nem mesmo aparência de instabilidade”.5 Além de tudo, é importante também notar que todos, absolutamente todos os ritos antigos e legítimos são muito parecidos (as diferenças, de fato, estão sempre em detalhes e nunca na estrutura central da Missa) e têm em comum certas caraterísticas essenciais que compõem uma regra geral, entre as quais poderíamos citar:  

1. O extremo e claríssimo sentido de reverência pelo sagrado, o respeito (silêncio, ordem e introspecção são regra para contemplar a face de Deus) no culto e o senso de adoração constante;  O silêncio, a sacralidade, o estilo teocêntrico de viver, devem existir na Missa, mas não se limitam ao templo e ao culto público. Não adianta reclamar do barulho na igreja, se não fazemos recolhimento no coração e em nossa própria casa.

2. “O augusto sacrifício do altar não é (…) uma pura e simples comemoração da paixão e morte de Jesus Cristo, mas é um verdadeiro e próprio sacrifício, no qual, imolando-se incruentamente, o sumo Sacerdote faz aquilo que fez uma vez sobre a cruz, oferecendo-se todo ao Pai, vítima agradabilíssima”.6 Substancialmente, o sacrifício do Calvário e o sacrifício eucarístico são o mesmo sacrifício. Substancialmente, o sacrifício do Calvário e o sacrifício eucarístico são o mesmo sacrifício. Quando o sacerdote sobe ao altar e, emprestando a Cristo a sua língua e a sua mão7, oferece a Santa Missa por todos os homens, está fazendo não só a mesma coisa que Jesus fez naquela ceia derradeira8 , mas também aquele ato de entrega realizada no madeiro da Cruz. A diferença é que, enquanto no Calvário Jesus se entregou de modo cruento, isto é, derramando o Seu sangue, na última ceia e nos altares de nossas igrejas este sacrifício é oferecido sem derramamento de sangue (“incruentamente”).

3. A primeira finalidade da Santa Missa é a glorificação de Deus (latrêutico). Trata-se da “adoração”. A típica atitude de adoração consiste em pôr-se de joelhos diante de Deus, rebaixando-se diante d’Ele e reconhecendo-se um nada. Na Cruz, Jesus adorou o Pai de modo perfeitíssimo. “Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de um escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz”9.

4. Durante a Santa Missa, por mais que se tenha um sacerdote ou uma assembleia indigna, Jesus está oferecendo a mesma adoração perfeita que ofereceu no madeiro da Cruz. Ainda que todos os seres humanos e todos os anjos juntos cultuassem a Deus, não conseguiriam jamais superar o valor desta oferta do próprio Deus. Por esse motivo, é impossível comparar o augusto Sacrifício do altar com as chamadas “celebrações da Palavra”. Se por um lado estas celebrações comunitárias são importantes em lugares com carência de padres, por outro, é realmente muito triste que a sua frequência indevida acabe por obscurecer as diferenças substanciais entre a Missa e uma simples “reunião fraterna”. Na Missa, o padre age in persona Christi; na celebração da Palavra, ao invés, ainda que a comunidade faça parte do Corpo Místico de Cristo, não há como ocorrer a consagração do pão e do vinho, uma vez que “o povo (…) não pode de nenhum modo gozar dos poderes sacerdotais”10.

3. O claríssimo sentido de que Nosso Senhor está verdadeiramente Presente nas espécies (Pão e Vinho) consagradas; A segunda finalidade da Missa é eucarística, ou seja, dar a Deus ação de graças. O homem, que tudo recebe de Deus, tem-lhe uma dívida de ação de graças que não poderia jamais pagar, a menos que o Senhor mesmo não se fizesse homem e sanasse esta dívida por ele. “A Eucaristia é um sacrifício de ação de graças ao Pai, uma bênção pela qual a Igreja exprime seu reconhecimento a Deus por todos os seus benefícios, por tudo o que ele realizou por meio da criação, da redenção e da santificação. (…) Este sacrifício de louvor só é possível através de Cristo: Ele une os fiéis à sua pessoa, ao seu louvor e à sua intercessão, de sorte que o sacrifício de louvor é oferecido por Cristo e com ele para ser aceito nele11

5. Igualmente, todos os fiéis têm direito a que a celebração da Eucaristia seja preparada diligentemente em todas suas partes, para que nela seja proclamada e explicada com dignidade e eficácia a palavra de Deus; a capacidade de selecionar os textos litúrgicos e os ritos deve ser exercida com cuidado, de acordo com as normas, e as letras dos cantos da celebração Litúrgica guardem e alimentem devidamente a fé dos fiéis. 12

6. A homilia, que se fez no curso da celebração da santa Missa é parte da mesma Liturgia, «será feita, normalmente, pelo mesmo sacerdote celebrante, ou ele se delegará a um outro sacerdote concelebrante, ou às vezes, de acordo com as circunstâncias, também ao diácono, mas nunca a um leigo.13 Em casos particulares e por justa causa, também pode fazer a homilia um bispo ou um presbítero que está presente na celebração, mesmo que não esteja concelebrando».14

7.  Sobretudo, se deve cuidar que a homilia se fundamente estritamente nos mistérios da salvação, expondo ao longo do ano litúrgico, desde o textos das leituras bíblicas e os textos litúrgicos, os mistérios da fé e as normas da vida cristã, e oferecendo um comentário dos textos do Ordinário e do Próprio da Missa, e dos outros ritos da Igreja.15 É claro que todas as interpretações da sagrada Escritura devem conduzir a Cristo, como ele sendo centro da economia da salvação, onde isto se deve realizar examinando-o desde o contexto preciso da celebração litúrgica. Ao fazer a homilia, procure-se iluminar, em Cristo, os acontecimentos da vida. Faça-se isto, sem dúvida, de tal modo que não se esvazie o sentido autêntico e genuíno da palavra de Deus, por exemplo, tratando só de política ou de temas profanos, ou tomando como fonte idéias que provém de movimentos pseudo-religiosos de nossa época.16

8. Os vários aspectos da participação dos fiéis não ordenados na missão da Igreja, toma-se em consideração a sua colaboração direta nas tarefas específicas dos pastores.17 Com efeito, « quando a necessidade ou a utilidade da Igreja o requer, os pastores podem, segundo as normas estabelecidas pelo direito universal, confiar aos fiéis leigos certos ofícios e funções que, embora ligados ao seu próprio ministério de pastores, não exigem, contudo, o caráter da Ordem ».18 Tal colaboração foi posteriormente regulamentada pela legislação pós-conciliar e, de modo particular, pelo novo Código de Direito Canônico.

9. Este, depois de referir-se aos direitos e deveres de todos os fiéis,19 no título seguinte, dedicado aos direitos e deveres dos fiéis leigos, trata não somente daqueles que são específicos da sua condição secular,20 mas também de outras tarefas ou funções que não lhes pertencem de modo exclusivo. Destas, algumas competem a qualquer fiel, ordenado ou não,21 outras, ao invés, colocam-se no contexto de um serviço direto ao ministério sagrado dos fiéis ordenados.22 Com relação a estas últimas tarefas ou funções, os fiéis não-ordenados não detêm um direito a exercê-las, mas são « hábeis para ser assumidos pelos Pastores sagrados para aqueles ofícios eclesiásticos e encargos que eles podem desempenhar segundo as prescrições do direito »,23 ou ainda « na falta de ministros […] podem suprir alguns dos seus ofícios […] de acordo com as prescrições do direito ».24

10. Para que uma tal colaboração seja inserida harmoniosamente na pastoral ministerial, é necessário que, evitando desvios pastorais e abusos disciplinares, os princípios doutrinais sejam claros e que, por conseguinte, com determinação coerente, seja promovida em toda a Igreja uma aplicação leal e acurada das disposições vigentes, não estendendo abusivamente os termos de exceção a casos que não podem ser julgados « excepcionais ».

11. A separação clara entre o papel do sacerdote e o do povo na participação do culto; este último participa discretamente; A proibição de admitir os leigos para pregar, dentro da celebração da Missa, também é válida para os alunos de seminários, ou estudantes de teologia, para os que têm recebido a tarefa de «assistentes pastorais» e para qualquer outro tipo de grupo, irmandade, comunidade ou associação, de leigos.25

12. O terceiro fim deste memorial é propiciatório, isto é, oferecer uma expiação pelos nossos pecados. Com o pecado, o homem ofende a Deus e Este, por sua vez, espera do homem, além do arrependimento, a reparação de sua ofensa. Se os sacrifícios oferecidos pelos antigos “simplesmente devolviam a Deus as coisas que Ele mesmo havia criado: touros, ovelhas, pão e vinho”, na Santa Missa, “irrompe um elemento novo e maravilhoso: pela primeira vez e todos os dias, a humanidade pode já oferecer a Deus um dom digno dEle: o dom do seu próprio Filho, um dom de valor infinito, digno de Deus infinito”26 . Só desta forma os crimes cometidos pelo homem contra Deus podem ser plenamente satisfeitos.

13. Por fim, a quarta finalidade da Missa é impetratória: Jesus “nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade”27Nos altares de nossas igrejas, Jesus continua colocando-se entre a humanidade e o Pai e pedindo a Ele as graças necessárias para nossa salvação.

14. Para lograr os efeitos da redenção de Jesus, no entanto, é preciso que o homem se abra a Deus. Por isso, ensina Pio XII, “é necessário que depois de haver resgatado o mundo com o elevadíssimo preço de si mesmo, Cristo entre na real e efetiva posse das almas”28. Para ilustrar que, mesmo oferecendo o Santo Sacrifício por todos os homens, apenas alguns muitos verdadeiramente aproveitam de sua eficácia, o Santo Padre faz uma bela analogia: “Pode-se dizer que Cristo construiu no Calvário uma piscina de purificação e de salvação e a encheu com o sangue por ele derramado; mas se os homens não mergulham nas suas ondas e aí não lavam as manchas de sua iniquidade, não podem certamente ser purificados e salvos”29.

15. Para tanto, urge que os fiéis participem “do santo sacrifício eucarístico, não com assistência passiva, negligente e distraída, mas com tal empenho e fervor que os ponha em contato íntimo com o sumo sacerdote (…), oferecendo com ele e por ele, santificando-se com ele”30

16. O protagonista da Sagrada Liturgia é Jesus, que oferece ao Pai o dom precioso de Si mesmo. Não é a comunidade que está no centro da Missa; a ação principal não está sendo realizada nem pelo sacerdote nem pela assembleia, mas por Jesus. Para participar ativamente da Santa Missa, os fiéis devem ser motivados a perscrutar o que se passa no altar, e não inventar jograis, danças ou outras coisas que, em última instância, acabam desviando o foco de toda a ação litúrgica da Cruz.

  1. (Cf. At. 4:32) ↩︎
  2. (Cf. I Cor. 12:27 e Col 1:18) ↩︎
  3. 266º Sucessor da Cátedra de Pedro, isto é, Bispo de Roma, Papa da Igreja Católica (01/11/2023) ↩︎
  4. (Cf. 1Tm. 2:5) ↩︎
  5. (Tg 1:17) ↩︎
  6. Carta Encíclica Mediator Dei, sobre a Sagrada Liturgia, n. 61 ↩︎
  7. Cf. São João Crisóstomo, In Joan. Hom., 86, 4 ↩︎
  8. Cf. Mt 26, 1-16; Mc 14, 1-11; Lc 22, 7-23 ↩︎
  9. Fl 2, 6-7 ↩︎
  10. Carta Encíclica Mediator Dei, sobre a Sagrada Liturgia, n. 76 ↩︎
  11. Catecismo da Igreja Católica, parágrafos 1360 e 1361 ↩︎
  12. REDEMPTIONIS SACRAMENTUM [58] ↩︎
  13. Cf. Missale Romanum, Institutio Generalis, n. 66; cf. também Código de Direito Canônico, c. 6 §§ 1, 2; e c. 767 § 1, ao que se referir também a já citada Congregação para o Clero e outras, Instr., Ecclesiae de mysterio, Disposições Práticas, art. 3 § 1: AAS 89 (1997) p. 865. ↩︎
  14. Missale Romanum, Institutio Generalis, n. 66; cf. também Código de Direito Canônico, c. 767 § 1. ↩︎
  15. Cf. Concílio Ecumênico Tridentino, Sessão XXII,   17 de setembro de 1562, De Ss. Missae Sacrifício, cap. 8: DS 1749; Missale Romanum, Institutio Generalis, n. 65. ↩︎
  16. Cf. João Paulo II, Alocução aos Bispos dos Estados Unidos em visita «ad Limina Apostolorum», 28 de maio de 1993, n. 2: AAS 86 (1994) p. 330. ↩︎
  17. Cfr. Concílio Ecumênico Vaticano II, Decr. Apostolicam actuositatem, n. 24. ↩︎
  18. João Paulo II, Exortação apostólica pós-sinodal Christifideles laici, n. 23: l.c., p. 429. ↩︎
  19. Cfr. C.I.C., cânn. 208-223. ↩︎
  20. Cfr. ibidem, cânn. 225, § 2; 226; 227; 231, § 2. ↩︎
  21. Cfr. ibidem, cânn. 225, § 1; 228, § 2; 229; 231, § 1. ↩︎
  22. Cfr. ibidem, cân. 230, §§ 2-3, no que diz respeito ao âmbito litúrgico; cân. 228, § 1, em relação a outros campos do ministério sagrado; este último parágrafo estende-se também a outros âmbitos fora do ministério dos clérigos. ↩︎
  23. Ibidem, cân. 228, § 1. ↩︎
  24. Ibidem, cân. 230, 63; cfr. cânn. 517, § 2; 776; 861, § 2; 910, § 2; 943; 1112. ↩︎
  25. Cf. Congregação para o Clero e outras, Instr., Ecclesiae de mysterio, Disposições Práticas, art. 3 § 1: AAS 89 (1997) pp. 864-865. ↩︎
  26. Trese, Leo John. A fé explicada. Trad. Isabel Perez. 7. ed. São Paulo: Quadrante, 1999. P. 320 ↩︎
  27. Hb 5, 7 ↩︎
  28. Carta Encíclica Mediator Dei, sobre a Sagrada Liturgia, n. 70 ↩︎
  29. Carta Encíclica Mediator Dei, sobre a Sagrada Liturgia, n. 70 ↩︎
  30. Carta Encíclica Mediator Dei, sobre a Sagrada Liturgia, n. 73 ↩︎