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Santa Margarida Maria Alacoque

Nasceu em 25 de julho de 1647 em Janots, Borgonha. Inspirada pela graça, fez voto de castidade perpétua aos 4 anos.

Ficando órfã de pai, foi levada à escola das Clarissas, mas teve que regressar pouco depois, por motivo de enfermidade. Fez então à Santíssima Virgem a promessa de tornar-se religiosa caso fosse curada, e recuperou a saúde.

Ao contemplar um quadro de São Francisco de Sales, sentiu-se fortemente chamada para fazer parte de suas filhas, as Visitandinas, e ingressou no Convento de Paray-le-Monial, em 20 de junho de 1671.

Nesse mosteiro, vivia de graças místicas e do intenso convívio com Nosso Senhor Jesus Cristo. Como isso causasse estranheza às superioras, Jesus “adaptou” suas graças à regra da Congregação e deu-lhe três armas para a luta diária pela purificação e transformação de sua alma: uma consciência delicada e um horror à menor falta; a santa obediência; e sua santa Cruz.

Recebeu as belíssimas revelações da misericórdia do Coração de Jesus: “Eis o Coração que tanto amou os homens e por eles foi tão pouco amado”.

Jesus permitiu-lhe sofrer muito pela incompreensão das superioras e irmãs de hábito, mas deu-lhe por confessor o grande São Cláudio de La Colombière.

Faleceu em 17 de outubro de 1690. Somente três anos depois de sua morte começou a ser divulgada a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, de quem foi tão grande entusiasta.

Foi canonizada em 1920, pelo Papa Bento XV.

fone: Revista Arautos do Evangelho, Out/2003, n. 22, p. 48

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Santa Margarida Maria Alacoque: a mensageira do Sagrado Coração de Jesus

A mensagem da qual Santa Margarida Maria Alacoque foi portadora mostraria à humanidade, de um modo nunca antes imaginado, a insondável intensidade do amor que Ele tem a cada um de nós.

Quando Margarida tinha apenas quatro anos, começou a sentir-se levada a dizer diversas vezes: “Ó meu Deus, eu Vos consagro minha pureza e Vos faço voto de castidade perpétua”.

Algo surpreendente numa menininha daquela idade, que nem sabia o que isso significava — como diria mais tarde em suas memórias. Era já o início extraordinário da história desta alma, na qual a graça divina agia preparando-a para pertencer somente a Jesus. Assim, ela poderia cumprir eximiamente uma crucial missão em benefício da humanidade: ser a mensageira do Sagrado Coração.

Luta entre a vocação e o atrativo pela vida comum

Margarida nasceu em 22 de julho de 1647 na Borgonha, França. Seu pai era juiz e notário real, mas homem de pequenas posses. Quando tinha 8 anos, foi surpreendida pelo falecimento de seu pai, e a família precisou enviá-la para a escola das clarissas de Charolles.

Ali, uma estranha enfermidade reduziu-a a um tal estado de debilidade que, ao cabo de algum tempo, sua mãe a levou de volta para casa.

“Passei quatro anos sem poder caminhar”, dirá ela depois. Vendo a ineficácia dos remédios, voltou-se para a Virgem das Virgens e fez-lhe o voto de entrar para a vida religiosa, se ficasse curada. Foi atendida com rapidez, restabelecendo-se instantaneamente.

Entretanto, quando Margarida completou 17 anos, sua mãe e seus irmãos decidiram que ela devia se casar.

Deixando-se levar pelo amor filial, a jovem lentamente começou a tomar parte nos folguedos de sua idade — embora se guardando de ofender a Deus — e a acariciar a ideia de contrair matrimônio, mesmo porque já tinha vários pretendentes. No seu interior travou-se então uma demorada e intensa batalha: de um lado, a atração pela vida comum lhe sussurrava ser até um dever de piedade filial constituir um lar, pois assim poderia amparar melhor sua mãe enferma.

De outro, a voz da graça lembrava-lhe o voto de castidade perfeita que fizera já na infância, bem como a promessa de fazer-se esposa de Cristo. Não importa, você era muito criança para entender o que dizia, portanto, essas promessas não tinham valor; você agora é livre! — era a resposta que lhe vinha em seguida à mente.

Esse cruel embate de alma durou alguns anos. Mas, ajudada de modo sensível por Nosso Senhor, a vocação religiosa acabou por vencer: em 1671, ela entrou como postulante no Mosteiro da Visitação, de Paray-le- Monial.

Desde a infância, Margarida fora beneficiada por experiências místicas.

As mais importantes ocorreram no convento, a partir de 27 de dezembro de 1673, quando passou a receber uma série de revelações do Sagrado Coração de Jesus, o qual a incumbia de ser a encarregada de divulgar essa devoção.

Além disso, as três superioras que, a cada seis anos, assumiram sucessivamente a autoridade no convento de Paray-le-Monial convenceram-se da santidade de Margarida. Contudo, ela sofreu acirrada oposição dentro da comunidade, que a tratava como uma excêntrica visionária. Seu principal apoio veio de São Cláudio de la Colombière, jovem sacerdote jesuíta que foi durante certo tempo confessor das freiras e testemunhou serem reais as visões da Santa.

Todavia, por sua perseverança, docilidade, espírito de obediência e caridade, ela acabou vencendo as oposições e conseguiu cumprir sua missão, começando por introduzir em 1686 — no início para um círculo restrito de seu próprio convento — a festa do Sagrado Coração de Jesus. Assim, esta se espalhou com rapidez por outros mosteiros da Visitação, e transbordou para o exterior da congregação.

Por fim, após uma existência na qual se consumiu sem cessar no amor ao Sagrado Coração de Jesus, Santa Margarida Maria Alacoque morreu em 17 de outubro de 1690, aos 43 anos. Foi canonizada por Bento XV em 1920. Seu corpo está colocado sob o altar da capela do convento onde viveu, e os peregrinos que ali vão rezar a ela alcançam insignes graças.

fonte: Revista Arautos do Evangelho, Jun/2006, n. 54, p. 22 e 23

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São Cláudio de La Colombière –Apostolo do Sagrado Coração de Jesus

Confessor e confidente de Santa Margarida Maria Alacoque, São Cláudio de La Colombière foi escolhido por Deus para propagar o amor e a confiança, por meio da devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

No ano de 1675, um novo superior foi designado para a casa dos jesuítas em Paray-le-Monial. Sendo ele confessor extraordinário das vizinhas freiras da Visitação, foi estar com a superiora, Madre de Saumaise, a fim de se pôr à disposição do mosteiro. Esta lhe apresentou toda a comunidade e, enquanto o sacerdote dirigia às religiosas breves palavras de incentivo à prática da virtude heroica, uma delas, Irmã Margarida Maria Alacoque, ouviu uma voz interior lhe dizendo:

— Eis aí quem te envio!

Fazia poucos anos que pertencia a freira à Congregação e já havia sido beneficiada pelo Sagrado Coração de Jesus com numerosas visões e revelações. Naquele momento, porém, passava ela pelo drama da dúvida. Seus superiores e algumas autoridades eclesiásticas a consideravam “uma visionária”, levando-a a se perguntar se não estaria sendo vítima da ilusão ou enganada pelo demônio.

O Divino Mestre fizera-lhe, então, uma promessa: “Eu te mandarei meu fiel servo e amigo perfeito”. 1 Tratava-se do padre Cláudio de La Colombière, que Jesus enviava naquele momento à Irmã Margarida, para confirmar-lhe “em seus caminhos e para torná-lo participante de grandes graças do seu Sagrado Coração”. 2

Formação em colégios da Companhia

Da infância do padre de La Colombière, pouco se conhece. Nasceu a 2 de fevereiro de 1641, na aldeia de Saint-Symphorien, mas aos nove anos mudou-se com a família para Vienne, onde os beneditinos de Saint Andrés-le-Bas lançaram em sua alma as primeiras sementes de sua ardorosa devoção à Sagrada Eucaristia e lhe ministraram a Primeira Comunhão.

Pouco depois de ter chegado à cidade, começou a estudar gramática com os padres jesuítas e, três anos depois, mudou-se para Lyon, a fim de cursar Humanidades, no colégio da Companhia. Foi também nessa cidade, na qual morou por cinco anos, que começou a tomar contato com a obra do grande Francisco de Sales, através das Irmãs da Visitação de Bellecour, em cujo convento falecera o santo fundador.

Cumpridos já dezessete anos, enquanto passava alguns dias de férias na casa dos pais, Cláudio decidiu tornar-se jesuíta. De temperamento reservado, um pouco tímido e muito afetuoso, custou-lhe separar-se da família. Mas o fez de bom grado e por completo, compreendendo consistir a verdadeira felicidade na entrega a Deus por um amor exclusivo.

Mais tarde afirmaria: “Jesus Cristo prometeu cem por um, e posso dizer que nunca fiz nada sem ter recebido, não cem por um, mas mil vezes mais do que havia abandonado”. 3

Do noviciado ao sacerdócio

Corria o ano de 1658, quando Cláudio ingressou no Noviciado de Avignon. Ali se alternaram provas e alegrias, períodos de aridez com outros marcados por uma luz transbordante. Dois anos depois, proferiu os primeiros votos e, havendo concluído o curso de Filosofia, dedicou-se ao magistério no colégio da Companhia, conforme determinavam as regras, antes de prosseguir os estudos para o sacerdócio.

Por sua grande capacidade intelectual, estro literário e modo de fazer os sermões, o Superior Geral decidiu enviá-lo, em 1666, para estudar Teologia no Colégio de Clermont, em Paris. Ali se revelou exímio orador e excelente professor de retórica. Seu valor acadêmico e o exemplo ilibado de vida religiosa valeram-lhe o cargo de preceptor dos filhos de Colbert, o célebre Ministro do Tesouro de Luís XIV. Teve, assim, de frequentar os ambientes da corte, fazendo neles muitos amigos e dando mostras de grande talento, fino trato e elevada educação, além de se destacar pela firmeza de princípios e exímia virtude.

A Terceira Provação

Em 6 de abril de 1669, Cláudio recebeu as sagradas ordens e cinco anos depois chegou para ele o tempo chamado por Santo Inácio de “Escola do Afeto”.

A sabedoria do fundador bem via quanto os largos anos de estudo, magistério e apostolado podiam ser para seus filhos espirituais motivo de diminuição do fervor inicial, contaminado por aspirações mundanas, quando não por sentimentos de vanglória pelos êxitos obtidos. Por isso, estabeleceu que cada jesuíta passasse por este novo período de noviciado, também chamado de Terceira Provação, antes de fazer a profissão solene. Nesse tempo, sob a orientação paternal de um instrutor, o religioso fazia um balanço de sua vida, visando desapegar-se de toda preocupação humana para deixar-se levar inteiramente pela luz divina.

A Casa São José, em Lyon, foi o lugar onde o padre Cláudio atravessou esse período, durante o qual fez um voto particular de cumprimento exímio das regras do Instituto, “sem reservas”, dispondo-se a aceitar com alegria as determinações da Santa Obediência e romper de uma vez por todas as cadeias do amor-próprio. Ao mesmo tempo consolidou-se em sua alma a confiança — também sem reservas — na misericórdia divina, sem a qual ser-lhe-ia impossível manter-se fiel aos propósitos feitos em prol da própria santificação e a dos outros.

Esse tempo de solidão e recolhimento fê-lo também desapegar-se de todos os relacionamentos humanos, aos quais era extremamente sensível, para ter Nosso Senhor como único e verdadeiro amigo: “Meu Jesus […] tenho certeza de ser amado, se vos amo. […] Por mais miserável que eu seja, não me tirará vossa amizade nenhum indivíduo mais nobre que eu, nem mais culto ou mais santo”. 4

Antes mesmo de concluir o tempo regulamentar, foi admitido aos votos solenes, feitos quando completava 34 anos, em 2 de fevereiro de 1675. Logo em seguida, recebeu o encargo de superior da casa dos jesuítas em Paray-le-Monial. Sua alma estava com a têmpera ideal para empreender a grande missão que o aguardava.

Três corações unidos para sempre

O padre de La Colombière não sabia o que encontraria nessa pequena cidade, mas seus superiores, inteirando-se das visões de Santa Margarida Maria Alacoque e das polêmicas que haviam gerado, o escolheram exatamente por causa do seu equilíbrio de alma. Padre Cláudio era perfeitamente capaz de sustentar os bons critérios frente às controvérsias criadas, dentro e fora do convento.

De fato, sem se importar com as críticas e juízos desfavoráveis, logo viu a mão de Deus nas visões de Irmã Margarida Maria e a tranquilizou e apoiou, recebendo, como recompensa, recados e favores do Divino Mestre.

Um deles ocorreu, certa vez, durante a Missa celebrada para a comunidade, quando a religiosa viu, na hora da Comunhão, o Sagrado Coração de Jesus como uma fornalha ardente e dois outros corações abismando-se n’Ele: o do padre de La Colombière e o seu próprio, enquanto ouvia estas palavras: “É assim que meu puro amor une esses três corações para sempre. Esta união destina-se à glória de meu Sagrado Coração. Quero que descubras seus tesouros, ele fará conhecer seu preço e utilidade. Para tanto, sejais como irmão e irmã, partilhando igualmente os bens espirituais”. 5

Apressou-se ela em transmitir o fato ao sacerdote e depois relatou sua reação. “As mostras de humildade e as ações de graças com que ele recebeu essa comunicação e várias outras coisas que lhe transmiti da parte de meu soberano Senhor e que lhe diziam respeito, comoveram-me e foram-me mais proveitosas que todos os sermões que eu poderia ouvir”. 6

Apostolado da confiança e do reafervoramento

No curto período de dezoito meses de sua permanência em Paray-le-Monial, quiçá tenha feito o padre de La Colombière mais pelas almas que em todos os anos anteriores de sua vida.

O jansenismo, então em pleno auge na França, minava nos corações a confiança na bondade de Nosso Senhor e de sua Mãe Santíssima, e afastava os fiéis dos Sacramentos, sobretudo da Sagrada Comunhão.

O apostolado feito por São Cláudio em suas cartas, pregações e direções espirituais ia justamente no sentido contrário: promovia a confiança em Maria e a devoção ao Santíssimo Sacramento. Atraiu assim muitas ovelhas desgarradas, trazendo-as de volta ao redil do Salvador.

Fundou uma Congregação Mariana para nobres e burgueses, na qual agrupou os cavalheiros católicos da cidade, bem como reorganizou a dos alunos do colégio da Companhia. Reestruturou o hospital dos peregrinos e indigentes, e pregou missões nos povoados vizinhos, com grandíssimos frutos de reafervoramento.

“Aparição do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria” – Basílica de Santa Cecília in Trastevere (Roma)

“Eis o Coração que tanto amou os homens”

Mas sua máxima missão foi participar, por desígnio do próprio Jesus, na chamada “Grande Revelação” feita a Santa Margarida Maria, em um dia da Oitava de Corpus Christi de 1675, quando rezava diante do Santíssimo Sacramento: a difusão da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, bem como a instituição de sua festa e da consagração reparadora.

Assim transcreveu a santa as célebres palavras proferidas por Nosso Senhor, enquanto lhe mostrava seu Divino Coração: “Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-Se e consumir-Se, para manifestar-lhes seu amor. E como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, desprezos, irreverências, sacrilégios, friezas que têm para comigo neste Sacramento de amor. E é ainda mais repugnante, porque são corações a Mim consagrados”. 7

Em seguida, pediu-lhe o Senhor que a primeira sexta-feira após a Oitava de Corpus Christi fosse consagrada como festa especial para honrar seu Coração, com um ato público de desagravo e comunhões reparadoras. Acrescentou a promessa formal de conceder copiosos favores espirituais para quem praticasse tal devoção.

A religiosa alegou sua indignidade e incapacidade de realizar a missão, e recebeu esta resposta: “Dirige-te a meu servo Cláudio e dize-lhe, de minha parte, que faça todo o possível para estabelecer esta devoção e dar esse gosto a meu Divino Coração; que não desanime diante das dificuldades que encontrará, pois estas não faltarão, mas ele deve saber que é todo poderoso quem desconfia de si mesmo para confiar unicamente em Mim”. 8

Assim, na sexta-feira seguinte, São Cláudio, Santa Margarida e a comunidade da Visitação de Paray-le-Monial celebraram, pela primeira vez, a Festa do Sagrado Coração de Jesus, consagrando-se inteiramente a Ele.

Missão junto à Duquesa de York

Quando estava no auge de suas atividades em Paray-le-Monial, o padre de La Colombière recebeu ordem de partir para Londres, como capelão da Duquesa de York, Maria de Módena, que era católica fervorosa e só consentira em se casar com o Duque, irmão de Carlos II, após ser autorizada pelo governo inglês a ter sempre um sacerdote junto a ela.

Por meio da santa vidente, o Coração de Jesus recomendou a São Cláudio algumas atitudes a serem observadas em sua nova missão: não se assustar com a investida dos infernos contra seu carisma para atrair as almas, mas confiar inteiramente na bondade de Deus, pois seria Ele seu sustentáculo; usar de doçura e compaixão para com os pecadores; ter o cuidado de nunca separar o bem de sua fonte. 9

Sua partida foi muito dolorosa para Santa Margarida, valendo-lhe uma censura de Nosso Senhor: “Não te basto Eu, que sou teu princípio e teu fim?”. 10

De sua parte, São Cláudio permaneceu fiel ao voto e aos propósitos feitos no período da Terceira Provação, mantendo-se, “sem reservas”, afastado da vida da Corte. Sendo capelão da Duquesa de York, vivia no palácio Saint James, mas fazia-o num regime de profundo recolhimento e grandes mortificações. Preocupava-se apenas em propagar a devoção à Sagrada Eucaristia e ao Sagrado Coração de Jesus, apesar das dificuldades criadas pela hostilidade contra a Igreja.

Acabou, entretanto, por converter famílias inteiras e atrair para a vida consagrada muitos membros da aristocracia londrina. Alguns destes os encaminhou para instituições religiosas na França; outros, os reuniu na própria Londres, num mosteiro clandestino, por ele fundado, próximo da Catedral de São Paulo.

Foi por essa época que Titus Oates acusou injustamente os jesuítas e outros membros da Igreja de estarem tramando o assassinato de Carlos II, a fim de substituí-lo por seu irmão, o Duque de York, convertido ao catolicismo. Embora o próprio rei considerasse absurda essa denúncia, ela deu origem a violentas perseguições contra os católicos, injustamente acusados de terem participado no chamado “complô papista”.

A pretexto de tais acontecimentos, São Cláudio foi denunciado e encarcerado pelo crime de proselitismo religioso. Cumpria-se, assim, a premonição que tivera quatro anos antes, quando se havia visto “coberto de ferros e correntes, e arrastado a uma prisão, acusado, condenado por ter pregado Cristo crucificado”. 11

As péssimas condições da enxovia onde foi lançado terminaram de minar sua saúde, já debilitada por uma tuberculose incipiente. Ali teria morrido em pouco tempo, se não tivesse sido libertado por força de uma intervenção de Luís XIV.

Consumação do holocausto

Chegou de volta à França em meados de 1679, quase sem forças. Depois de recuperar um pouco a saúde, dirigiu-se para o Colégio da Santíssima Trindade, em Lyon, onde outrora fizera seus primeiros estudos, para assumir o cargo de diretor espiritual dos alunos de Filosofia. Ali, embora fisicamente muito desgastado, não deixava de propagar a devoção ao Divino Coração, defendendo-a contra os inúmeros ataques e incompreensões de que era objeto.

No inverno de 1681, retornou a Paray-le-Monial, cujo clima parecia resultar-lhe um pouco mais benéfico. À vista, porém, do intenso frio daquela rigorosa estação, pensou-se em trasladá-lo para Vienne, onde ficaria aos cuidados de seu irmão, arcediago daquela Diocese. Mas o superior da casa mandou-lhe permanecer, após ter recebido São Cláudio um bilhete de Santa Margarida, com este recado do seu Divino Amigo: “Ele me disse que quer o sacrifício de sua vida aqui”. 12

O holocausto não  tardaria muito em ser consumado. Em 15 de fevereiro de 1682, com apenas 41 anos de idade, Cláudio de La Colombière foi encontrar-se com Aquele de quem fora servo fiel e amigo perfeito nesta Terra. Algumas horas depois dos funerais, Irmã Margarida, cujo coração permanecia unido ao seu, no Sagrado Coração de Jesus, pôde fazer esta recomendação: “Deixem já de afligir-se; invoquem-no com toda confiança porque ele pode socorrer-nos”. 13

Contudo, a grande missão de São Cláudio só se realizaria plenamente muitos anos depois, em 8 de maio de 1928, quando Pio XI elevou à suprema categoria litúrgica a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, por meio da Encíclica Miserentissimus Redemptor.

Um ano mais tarde, Cláudio de La Colombière seria beatificado pelo mesmo Papa. E coube a João Paulo II, em 31 de maio de 1992, a honra de incluir no catálogo dos santos o nome deste sacerdote jesuíta, tão amado pelo Divino Coração de Jesus.

Notas:


1 DUFOUR, Gérard. Na Escola do Coração de Jesus com Cláudio de La Colombière. São Paulo: Loyola, 2000, p.7.
2 SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE. Autobiografia. São Paulo: Loyola, 1985, p.59.
3 SÃO CLÁUDIO DE LA COLOMBIÈRE. Oeuvres, II, 99, apud GUITTON, SJ, Jorge. El Beato Cláudio La Colombière: su medio y su tiempo. Bilbao: El Mensajero del Corazón de Jesús, 1956, p.26.
4 SÃO CLÁUDIO DE LA COLOMBIÈRE. Reflexões cristãs, Oeuvres, V, 429, apud GUITTON, op. cit., p.121.
5 DUFOUR, op. cit., p.14-15.
6 SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE, op. cit., p.61.
7 SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE, Ouevres complètes, VI, 118 s, apud GUITTON, op. cit., p.156.
8 Idem, p.157.
9 Cf. DUFOUR, op. cit., p.19.
10 SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE, Autobiografia, op. cit., p.68.
11 GUITTON, op. cit., p.116.
12 DUFOUR, op. cit., p.20.
13 ECHEVERRÍA, Lamberto de. San Cláudio de La Colombière. In: ECHEVERRÍA, L., LLORCA, B., BETES, J. (Org.). Año Cristiano. Madrid: BAC, 2003, v.II, p.340.
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As 12 promessas do Sagrado Coração de Jesus

A devoção ao Sagrado Coração de um modo visível aparece em dois acontecimentos fortes do Evangelho: no gesto de São João, discípulo amado, encostando a sua cabeça em Jesus durante a Última Ceia (cf. Jo 13,23); e, na cruz, onde o soldado abriu o lado de Jesus com uma lança (cf. Jo 19,34).

Num acontecimento, temos o consolo de Cristo pela dor na véspera de Sua morte. No outro, o sofrimento causado pelos pecados da humanidade. Esses dois exemplos do Evangelho nos ajudam a entender o apelo de Jesus feito, em 1675, a Santa Margarida Maria Alacoque:

“Eis este coração que tanto tem amado os homens. Não recebo da maior parte senão ingratidões, desprezos, ultrajes, sacrilégios e indiferenças. Eis que te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento (Corpo de Deus) seja dedicada a uma festa especial para honrar o Meu coração, comungando, neste dia, e dando-lhe a devida reparação por meio de um ato de desagravo para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo em que esteve exposto sobre os altares. Prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino amor sobre os que tributem essa divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada.”

São João Paulo II e a devoção ao Sagrado Coração de Jesus

São João Paulo II sempre cultivou essa devoção e sempre a incentivou a todos que desejam crescer na amizade com Jesus. Em 1980, no dia do Sagrado Coração, ele afirmou: “Na solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a liturgia da Igreja concentra-se, com adoração e amor especial, em torno do mistério do Coração de Cristo. Quero, hoje, dirigir, juntamente convosco, o olhar dos nossos corações para o mistério desse coração. Ele falou-me desde a minha juventude. A cada ano, volto a esse mistério no ritmo litúrgico do tempo da Igreja”.

Agora, conheça as 12 promessas do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque:

1° Promessa: “A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de Meu Sagrado Coração”;
2° Promessa: “Eu darei aos devotos de Meu Coração todas as graças necessárias a seu estado”;
3° Promessa: “Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias”;
4° Promessa: “Eu os consolarei em todas as suas aflições”;
5° Promessa: “Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte”;
6° Promessa: “Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos”;
7° Promessa: “Os pecadores encontrarão, em meu Coração, fonte inesgotável de misericórdias”;

8° Promessa: “As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção”;
9° Promessa: “As almas fervorosas subirão, em pouco tempo, a uma alta perfeição”;
10° Promessa: “Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”;
11° Promessa: “As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no Meu Coração”;
12° Promessa: “A todos os que comunguem, nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.

fonte: Canção Nova

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Oração ao Divino ESPIRITO SANTO

“Espírito Santo Consolador, concedei-me o dom da fortaleza. Fortalecei minha alma para superar as dificuldades de cada dia, os tormentos das perseguições e as insídias do maligno. Ajudai-me forte em meio às fraquezas espirituais, para que eu seja sinal de Teu amor e bondade. Espírito Santo de Luz, concedei-me o dom da sabedoria. Que eu tenha o discernimento necessário para distinguir o mal do bem, a mentira da verdade, a guerra da paz. Que Tua santa sabedoria ilumine os espaços confusos de minha alma. Espírito Santo Paráclito, concedei-me o dom do entendimento, para que eu compreenda corretamente a vontade do Pai Celestial para minha vida. Dai-me entender o próximo com amor, misericórdia e paz. Que eu compreenda, com todo meu ser, o amor de Cristo Jesus por mim e pela humanidade. Espírito Santo, Advogado Celestial, concedei-me o dom da ciência. Que, iluminado pela Tua luz divina, eu compreenda corretamente os planos de Deus para minha vida, e seja obediente aos ensinamentos divinos. Sendo assim, um sinal permanente da misericórdia do Mestre Jesus no mundo. Espírito Santo, Conselheiro Divino, concedei-me o dom do conselho. Ilumina meu entendimento, para que eu busque em Deus as respostas para minhas dúvidas e inquietações humanas e espirituais. Colocai em meus lábios palavras que restabeleçam a paz no mundo, e ajudai-me a levar sempre conselho que devolva às almas aflitas a serenidade em Deus. Divino Espírito Santo, concedei-me o dom da piedade. Que minhas orações sejam pontes de amor, que unam meu coração ao coração de Deus Pai e do Cristo Senhor. Que meu fervor espiritual se renove sempre, para que minha alma frutifique na fé e na esperança. Espírito Santo, Consolador dos aflitos, concedei-me o dom do temor de Deus, para que eu tenha sempre frente meus olhos, a bondade divina, e que meus pensamentos, palavras e ações, não sejam uma ofensa ao amor misericordioso do Pai Celestial. Amém”.

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Evangelho de São João, Capitulo 6

1.Depois disso, atravessou Jesus o lago da Galileia (que é o de Tibería­des.)*

2.Seguia-o uma grande multidão, porque via os milagres que fazia em benefício dos enfermos.

3.Jesus subiu a um monte e ali se sentou com seus discípulos.

4.Aproximava-se a Páscoa, festa dos judeus.

5.Jesus levantou os olhos sobre aquela grande multidão que vinha ter com ele e disse a Filipe: “Onde compraremos pão para que todos estes tenham o que comer?”.

6.Falava assim para o experimentar, pois bem sabia o que havia de fazer.

7.Filipe respondeu-lhe: “Duzentos denários de pão não lhes bastam, para que cada um receba um pedaço”.

8.Um dos seus discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe:

9.“Está aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixes… mas que é isto para tanta gente?”.

10.Disse Jesus: “Fazei-os assentar”. Ora, havia naquele lugar muita relva. Sentaram-se aqueles homens em número de uns cinco mil.

11.Jesus tomou os pães e rendeu graças. Em seguida, distribuiu-os às pessoas que estavam sentadas, e igualmente dos peixes lhes deu quanto queriam.

12.Estando eles saciados, disse aos discípulos: “Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca”.

13.Eles os recolhe­ram e, dos pedaços dos cinco pães de cevada que sobraram, encheram doze cestos.

14.À vista desse milagre de Jesus, aquela gente dizia: “Este é verdadeiramente o profeta que há de vir ao mundo”.

15.Jesus, percebendo que queriam arrebatá-lo e fazê-lo rei, tornou a retirar-se sozinho para o monte.* (= Mt 14,22-36 = Mc 6,47-53)

16.Chegada a tarde, os seus discípulos desceram à margem do lago.

17.Subindo a uma barca, atravessaram o lago rumo a Cafarnaum. Era já escuro, e Jesus ainda não se tinha reunido a eles.

18.O mar, entretanto, se agitava, porque soprava um vento rijo.

19.Tendo eles remado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram Jesus que se aproximava da barca, andando sobre as águas, e ficaram atemorizados.*

20.Mas ele lhes disse: “Sou eu, não temais”.

21.Quiseram recebê-lo na barca, mas pouco depois a barca chegou ao seu destino.

22.No dia seguinte, a multidão que tinha ficado do outro lado do mar percebeu que Jesus não tinha subido com seus discípulos na única barca que lá estava, mas que eles tinham partido sozinhos.

23.Nesse meio tempo, outras barcas chegaram de Tiberíades, perto do lugar onde tinham comido o pão, depois de o Senhor ter dado graças.

24.E, reparando a multidão que nem Jesus nem os seus discípulos estavam ali, entrou nas barcas e foi até Cafarnaum à sua procura.

25.Encontrando-o na outra margem do lago, perguntaram-lhe: “Mestre, quando chegaste aqui?”.

26.Respondeu-lhes Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo: buscais-me, não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes fartos.

27.Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna, que o Filho do Homem vos dará. Pois nela Deus Pai imprimiu o seu sinal”.

28.Perguntaram-lhe: “Que faremos para praticar as obras de Deus?”

29.Respondeu-lhes Jesus: “A obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou”.

30.Perguntaram eles: “Que milagre fazes tu, para que o vejamos e creiamos em ti? Qual é a tua obra?*

31.Nossos pais comeram o maná no deserto, segundo o que está escrito: Deu-lhes de comer o pão vindo do céu” (Sl 77,24).

32.Jesus respondeu-lhes: “Em verdade, em verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu;

33.porque o pão de Deus é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo”.

34.Disseram-lhe: “Senhor, dá-nos sempre deste pão!”.

35.Jesus replicou: “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede.

36.Mas já vos disse: Vós me vedes e não credes…

37.Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim não o lançarei fora.

38.Pois desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

39.Ora, esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu, mas que os ressuscite no último dia.

40.Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”.

41.Murmuravam então dele os judeus, porque dissera: “Eu sou o pão que desceu do céu”.

42.E perguntavam: “Porventura não é ele Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como, pois, diz ele: Desci do céu?”.

43.Respondeu-lhes Jesus: “Não murmureis entre vós.

44.Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu hei de ressuscitá-lo no último dia.

45.Está escrito nos profetas: Todos serão ensinados por Deus (Is 54,13). Assim, todo aquele que ouviu o Pai e foi por ele instruído vem a mim.

46.Não que alguém tenha visto o Pai, pois só aquele que vem de Deus, esse é que viu o Pai.

47.Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.

48.Eu sou o pão da vida.

49.Vossos pais, no deserto, comeram o maná e morreram.

50.Este é o pão que desceu do céu, para que não morra todo aquele que dele comer.

51.Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo”.

52.A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: “Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?”.

53.Então, Jesus lhes disse: “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos.

54.Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.

55.Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida.

56.Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.

57.Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim.

58.Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente”.

59.Tal foi o ensinamento de Jesus na sinagoga de Cafarnaum.

60.Muitos dos seus discípulos, ouvindo-o, disseram: “Isto é muito duro! Quem o pode admitir?”.

61.Sabendo Jesus que os discípulos murmuravam por isso, perguntou-lhes: “Isso vos escandaliza?

62.Que será, quando virdes subir o Filho do Homem para onde ele estava antes?…

63.O espírito é que vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida.*

64.Mas há alguns entre vós que não creem…”. Pois desde o princípio Jesus sabia quais eram os que não criam e quem o havia de trair.

65.Ele prosseguiu: “Por isso, vos disse: Ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lho for concedido”.

66.Desde então, muitos dos seus discípulos se retiraram e já não andavam com ele.

67.Então, Jesus perguntou aos Doze: “Quereis vós também retirar-vos?”.

68.Respondeu-lhe Simão Pedro: “Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.

69.E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus!”.*

70.Jesus acrescentou: “Não vos escolhi eu todos os doze? Contudo, um de vós é um demônio!…”.

71.Ele se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes, porque era quem o havia de entregar, não obstante ser um dos Doze.

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A descida do Senhor à mansão dos mortos

De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo

(PG43,439.451.462-463)
(Séc.IV)

Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.

Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.

O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: “O meu Senhor está no meio de nós”. E Cristo respondeu a Adão: “E com teu espírito”. E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará.

Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: ‘Saí!’; e aos que jaziam nas trevas: ‘Vinde para a luz!’; e aos entorpecidos: ‘Levantai-vos!’

Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.

Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra e fui até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê na minha face as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, tua beleza corrompida.

Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar de teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso. Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.

Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.

Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade”.

Catolicismo · Confissão · · Liturgia · Patristica

O poder do sangue de Cristo

Das Catequeses de São João Crisóstomo, bispo

(Cat. 3,13-19: SCh 50,174-177)

(Séc.IV)

Queres conhecer o poder do sangue de Cristo? Voltemos às figuras que o profetizaram e recordemos a narrativa do Antigo Testamento: Imolai, disse Moisés, um cordeiro de um ano e marcai as portas com o seu sangue (cf. Ex 12,6-7). Que dizes, Moisés? O sangue de um cordeiro tem poder para libertar o homem dotado de razão? É claro que não, responde ele, não porque é sangue, mas por ser figura do sangue do Senhor. Se agora o inimigo, ao invés do sangue simbólico aspergido nas portas, vir brilhar nos lábios dos fiéis, portas do templo dedicado a Cristo, o sangue verdadeiro, fugirá ainda mais para longe.

Queres compreender mais profundamente o poder deste sangue? Repara de onde começou a correr e de que fonte brotou. Começou a brotar da própria cruz, e a sua origem foi o lado do Senhor. Estando Jesus já morto e ainda pregado na cruz, diz o evangelista, um soldado aproximou-se, feriu-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu água e sangue: a água, como símbolo do batismo; o sangue, como símbolo da eucaristia. O soldado, traspassando-lhe o lado, abriu uma brecha na parede do templo santo, e eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram um cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício.

De seu lado saiu sangue e água (Jo 19,34). Não quero, querido ouvinte, que trates com superficialidade o segredo de tão grande mistério. Falta-me ainda explicar-te outro significado místico e profundo. Disse que esta água e este sangue são símbolos do batismo e da eucaristia. Foi destes sacramentos que nasceu a santa Igreja, pelo banho da regeneração e pela renovação no Espírito Santo, isto é, pelo batismo e pela eucaristia que brotaram do lado de Cristo. Pois Cristo formou a Igreja de seu lado traspassado, assim como do lado de Adão foi formada Eva, sua esposa.

Por esta razão, a Sagrada Escritura, falando do primeiro homem, usa a expressão osso dos meus ossos e carne da minha carne (Gn 2,23), que São Paulo refere, aludindo ao lado de Cristo. Pois assim como Deus formou a mulher do lado do homem, também Cristo, de seu lado, nos deu a água e o sangue para que surgisse a Igreja. E assim como Deus abriu o lado de Adão enquanto ele dormia, também Cristo nos deu a água e o sangue durante o sono de sua morte.

Vede como Cristo se uniu à sua esposa, vede com que alimento nos sacia. Do mesmo alimento nos faz nascer e nos nutre. Assim como a mulher, impulsionada pelo amor natural, alimenta com o próprio leite e o próprio sangue o filho que deu à luz, também Cristo alimenta sempre com o seu sangue aqueles a quem deu o novo nascimento.

Catolicismo · catolico

Deus me chama pelo nome. – Mc 3:13-19 e Is 43:1-2

O Tempo(Kairós) de Deus é distinto para cada um. Deus nos ama e nos chama, porém cabe a cada um aceitar o chamado de Deus, convertendo-nos e crendo nEle.

Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, São João Crisóstomo são filhos de pais santos e seguiram os seus caminhos, porém também poderia citar a história de Santo Agostinho, bispo e doutor, São Camilo de Lelis, Santa Maria Egípcia, Santa Maria Madalena e muitos santos e santas que se transviaram, mas ouviram o chamado de Deus.

Porém deixarei nos links abaixo a história de Zaqueu com os comentários do teólogo Brant Pitre e a conversão do ator que interpretou Barrabás no filme Paixão de Cristo(2004)Pietro Sarubbi. Bem como o trecho do encontro de Jesus e Nicodemos na série The Chosen.

Catolicismo · catolico · CINEMA

Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele.

João 3

1.Havia um homem entre os fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.*

2.Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: “Rabi, sabemos que és um Mestre vindo de Deus. Ninguém pode fazer esses milagres que fazes, se Deus não estiver com ele”.

3.Jesus replicou-lhe: “Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus”.

4.Nicodemos perguntou-lhe: “Como pode um homem renascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no seio de sua mãe e nascer pela segunda vez?”.

5.Res­pondeu Jesus: “Em verdade, em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus.*

6.O que nasceu da carne é carne, e o que nasceu do Espírito é espírito.

7.Não te maravilhes de que eu te tenha dito: Necessário vos é nascer de novo.

8.O vento sopra onde quer; ouves-lhe o ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito”.*

9.Replicou Nicodemos: “Como se pode fazer isso?”.

10.Disse Jesus: “És doutor em Israel e ignoras estas coisas!…

11.Em verdade, em verdade te digo: dizemos o que sabemos e damos testemunho do que vimos, mas não recebeis o nosso testemunho.

12.Se vos tenho falado das coisas terrenas e não me credes, como crereis se vos falar das celestiais?

13.Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu, o Filho do Homem que está no céu.*

14.Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem,*

15.para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna”.

16.Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.

17.Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele.

18.Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não crê no nome do Filho único de Deus.*

19.Ora, este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más.

20.Porquanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.

21.Mas aquele que pratica a verdade vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus.